Ortega garante que se manterá na presidência da Nicarágua
Manágua, 31 Mai 2018 (AFP) - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, afirmou nesta quarta-feira que permanecerá à frente do governo, em um discurso para milhares de partidários em Manágua, em meio à onda de protestos exigindo sua renúncia e eleições antecipadas.
"A Nicarágua é de todos e vamos ficar todos aqui", disse Ortega durante uma grande concentração no norte da capital.
O presidente assinalou que após décadas de conflito na Nicarágua "a paz chegou, mas foi um caminho longo" e é preciso defendê-la.
"A Nicarágua não é propriedade privada de ninguém. A Nicarágua é de todos os nicaraguenses, independentemente dos nossos pensamentos políticos, religiosos e ideológicos. Deus deu esta terra a todos os nicaraguenses".
"O demônio está mostrando as garras para destruir um país onde havia paz, uma Nicarágua que era admirada no mundo por sua capacidade de reconciliação", disse Ortega, no poder desde 2007.
Nesta quarta-feira, ao menos cinco pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas em protestos contra e a favor do governo.
Durante a tarde, "sujeitos encapuzados atacaram com armas de fogo e morteiros famílias que participavam" de um ato pró-governo em Manágua, "resultando em 12 pessoas feridas, incluindo cinco policiais", informou o subdiretor da Polícia Nacional, Francisco Díaz.
"Entre estes doze feridos, foi confirmada a morte de dois companheiros da juventude sandinista", acrescentou Díaz.
O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) relatou dois mortos e doze feridos em choques ocorridos no departamento de Estelí, no norte do país.
A oposição denunciou que grupos ligados ao governo atiraram contra uma manifestação em Manágua em apoio às mães de filhos mortos nos protestos, deixando um morto e vários feridos.
"Massacre! Dispararam rajadas contra manifestantes pacíficos", denunciou o bispo auxiliar de Manágua Silvio Báez nas redes sociais.
A onda de protestos na Nicarágua, deflagrada pelo reforma da Previdência promovida pelo governo, já deixou 92 mortos e mais de 880 feridos.
O Canal 100% Notícias, censurado pelo governo em abril por transmitir as manifestações, informou que "turbas" pró-governo atacaram suas instalações, mas não precisou os danos.
Ainda nesta quarta-feira, as empresas privadas, até então um dos suportes de Ortega, aderiram aos setores que pedem sua saída antecipada.
Os protestos contra Ortega foram apoiados pelo setor empresarial, até então um dos principais aliados do governo que, junto com sindicatos governistas instauraram o chamado "modelo de consenso", que lhes permitiu uma participação ativa na tomada de decisões e até aprovar leis no Parlamento.
O setor era questionado por estudantes e pela sociedade civil por ter permitido abusos do governo em 10 anos de aliança e de manter "um silêncio cúmplice" durantes os protestos e a repressão.
O Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep) esclareceu em nota que, desde 18 de abril, quando tiveram início os protestos, "se suspendeu qualquer reunião com o governo como rechaço à repressão".
Na terça-feira passada, o Cosep pediu a seus representantes que ocupam cargos de direção em entidades estatais para "renunciarem imediatamente".
O presidente do grupo econômico mais influente do país, Carlos Pellas, se pronunciou a favor de adiantar as eleições de 2021.
"Do meu ponto de vista, e é algo que compartilhamos plenamente no setor privado, é preciso encontrar uma saída ordenada, dentro do marco constitucional, que implique em reformas que acarretem no adiantamento das eleições na Nicarágua", disse Pellas em uma entrevista com o jornal La Prensa.
"Estou indignado e muito doído pelas mais de 80 vidas sacrificadas e pelos mais de 800 feridos pela violência desproporcional com que o governo enfrentou as queixas dos estudantes e da população em geral", acrescentou Pellas.
O grupo financeiro Lafise se posicionou em uma mensagem pelo Dia das Mães, comemorado em 30 de maio na Nicarágua, na qual pediu "que a vontade popular, através de eleições antecipadas, estabeleça a justiça, a democracia e a liberdade" na Nicarágua.
A mensagem foi assinada pelo presidente da Lafise, Roberto Zamora.
Já a associação de empresários de turismo denunciou pressões de prefeituras e agentes políticos do sandinismo para que se pronunciem contra o bloqueio de vias e pressionem os manifestantes a retirá-los.
O governo e opositores integrados em uma Aliança Cívica concordaram, nesta segunda, em restabelecer o diálogo, mediado pelos bispos do país. O Executivo aceitou discutir uma agenda que pede a saída imediata de Ortega e eleições antecipadas para este ano.
A Conferência Episcopal, mediadora do diálogo, não convocou as partes para se reunir.
- Luto no Dia das Mães -A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) anunciaram nesta quarta a criação de um grupo de especialistas independentes para investigar a violência na Nicarágua.
A CIDH, órgão autônomo da OEA, e a secretaria da OEA, chefiada por Luis Almagro, "conseguiram hoje a aprovação do Estado da Nicarágua para criar um mecanismo internacional de investigação sobre os atos de violência ocorridos desde 18 de abril neste país", disseram em comunicado.
Enquanto isso, uma comissão nomeada pelo Parlamento que investiga a violação de direitos ocorridos durante os protestos, em um primeiro relatório referente a 28 de maio, registrou 85 mortes e 997 feridos - mas esses dados ainda estão sendo verificados.
A oposição realiza uma marcha pelo Dia das Mães para acompanhar as dezenas de mulheres cujos filhos morreram, foram presos ou desapareceram nos protestos.
"Este Dia das Mães não é um dia para comemorar, é para exigir justiça", convocou a oposição em redes sociais.
Simpatizantes do governo também vão protestar no centro de Manágua. Eles ainda farão um ato de oração e canto às mães nicaraguenses, no qual se espera a presença de Ortega.
Manágua e outras cidades estão calmas nesta quarta, mas em lugares que assistiram a batalhas entre estudantes e grupos de choque e antimotins, há paralelepípedos jogados, galhos de árvores usados como barricadas e pneus queimados.
"A Nicarágua é de todos e vamos ficar todos aqui", disse Ortega durante uma grande concentração no norte da capital.
O presidente assinalou que após décadas de conflito na Nicarágua "a paz chegou, mas foi um caminho longo" e é preciso defendê-la.
"A Nicarágua não é propriedade privada de ninguém. A Nicarágua é de todos os nicaraguenses, independentemente dos nossos pensamentos políticos, religiosos e ideológicos. Deus deu esta terra a todos os nicaraguenses".
"O demônio está mostrando as garras para destruir um país onde havia paz, uma Nicarágua que era admirada no mundo por sua capacidade de reconciliação", disse Ortega, no poder desde 2007.
Nesta quarta-feira, ao menos cinco pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas em protestos contra e a favor do governo.
Durante a tarde, "sujeitos encapuzados atacaram com armas de fogo e morteiros famílias que participavam" de um ato pró-governo em Manágua, "resultando em 12 pessoas feridas, incluindo cinco policiais", informou o subdiretor da Polícia Nacional, Francisco Díaz.
"Entre estes doze feridos, foi confirmada a morte de dois companheiros da juventude sandinista", acrescentou Díaz.
O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) relatou dois mortos e doze feridos em choques ocorridos no departamento de Estelí, no norte do país.
A oposição denunciou que grupos ligados ao governo atiraram contra uma manifestação em Manágua em apoio às mães de filhos mortos nos protestos, deixando um morto e vários feridos.
"Massacre! Dispararam rajadas contra manifestantes pacíficos", denunciou o bispo auxiliar de Manágua Silvio Báez nas redes sociais.
A onda de protestos na Nicarágua, deflagrada pelo reforma da Previdência promovida pelo governo, já deixou 92 mortos e mais de 880 feridos.
O Canal 100% Notícias, censurado pelo governo em abril por transmitir as manifestações, informou que "turbas" pró-governo atacaram suas instalações, mas não precisou os danos.
Ainda nesta quarta-feira, as empresas privadas, até então um dos suportes de Ortega, aderiram aos setores que pedem sua saída antecipada.
Os protestos contra Ortega foram apoiados pelo setor empresarial, até então um dos principais aliados do governo que, junto com sindicatos governistas instauraram o chamado "modelo de consenso", que lhes permitiu uma participação ativa na tomada de decisões e até aprovar leis no Parlamento.
O setor era questionado por estudantes e pela sociedade civil por ter permitido abusos do governo em 10 anos de aliança e de manter "um silêncio cúmplice" durantes os protestos e a repressão.
O Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep) esclareceu em nota que, desde 18 de abril, quando tiveram início os protestos, "se suspendeu qualquer reunião com o governo como rechaço à repressão".
Na terça-feira passada, o Cosep pediu a seus representantes que ocupam cargos de direção em entidades estatais para "renunciarem imediatamente".
O presidente do grupo econômico mais influente do país, Carlos Pellas, se pronunciou a favor de adiantar as eleições de 2021.
"Do meu ponto de vista, e é algo que compartilhamos plenamente no setor privado, é preciso encontrar uma saída ordenada, dentro do marco constitucional, que implique em reformas que acarretem no adiantamento das eleições na Nicarágua", disse Pellas em uma entrevista com o jornal La Prensa.
"Estou indignado e muito doído pelas mais de 80 vidas sacrificadas e pelos mais de 800 feridos pela violência desproporcional com que o governo enfrentou as queixas dos estudantes e da população em geral", acrescentou Pellas.
O grupo financeiro Lafise se posicionou em uma mensagem pelo Dia das Mães, comemorado em 30 de maio na Nicarágua, na qual pediu "que a vontade popular, através de eleições antecipadas, estabeleça a justiça, a democracia e a liberdade" na Nicarágua.
A mensagem foi assinada pelo presidente da Lafise, Roberto Zamora.
Já a associação de empresários de turismo denunciou pressões de prefeituras e agentes políticos do sandinismo para que se pronunciem contra o bloqueio de vias e pressionem os manifestantes a retirá-los.
O governo e opositores integrados em uma Aliança Cívica concordaram, nesta segunda, em restabelecer o diálogo, mediado pelos bispos do país. O Executivo aceitou discutir uma agenda que pede a saída imediata de Ortega e eleições antecipadas para este ano.
A Conferência Episcopal, mediadora do diálogo, não convocou as partes para se reunir.
- Luto no Dia das Mães -A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) anunciaram nesta quarta a criação de um grupo de especialistas independentes para investigar a violência na Nicarágua.
A CIDH, órgão autônomo da OEA, e a secretaria da OEA, chefiada por Luis Almagro, "conseguiram hoje a aprovação do Estado da Nicarágua para criar um mecanismo internacional de investigação sobre os atos de violência ocorridos desde 18 de abril neste país", disseram em comunicado.
Enquanto isso, uma comissão nomeada pelo Parlamento que investiga a violação de direitos ocorridos durante os protestos, em um primeiro relatório referente a 28 de maio, registrou 85 mortes e 997 feridos - mas esses dados ainda estão sendo verificados.
A oposição realiza uma marcha pelo Dia das Mães para acompanhar as dezenas de mulheres cujos filhos morreram, foram presos ou desapareceram nos protestos.
"Este Dia das Mães não é um dia para comemorar, é para exigir justiça", convocou a oposição em redes sociais.
Simpatizantes do governo também vão protestar no centro de Manágua. Eles ainda farão um ato de oração e canto às mães nicaraguenses, no qual se espera a presença de Ortega.
Manágua e outras cidades estão calmas nesta quarta, mas em lugares que assistiram a batalhas entre estudantes e grupos de choque e antimotins, há paralelepípedos jogados, galhos de árvores usados como barricadas e pneus queimados.
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