Pence visita o Brasil para falar de migração, isolamento da Venezuela e parceria espacial
O destino das crianças brasileiras separadas de seus pais na fronteira americana e a crise na Venezuela foram os principais temas abordados pelo presidente Michel Temer e o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, em reunião em Brasília, nesta terça-feira (26).
"Assinalei que nosso Governo está pronto a colaborar no transporte dos menores brasileiros de volta ao Brasil, se for esse o desejo das famílias. As autoridades dos dois países continuarão em contato sobre esse tema", disse Temer em uma declaração conjunta à imprensa após uma reunião em Brasília.
Segundo fontes brasileiras do Palácio do Planalto, a proposta foi bem recebida.
Cerca de 50 crianças brasileiras estão em abrigos nos Estados Unidos separados de seus pais na fronteira.
Ao todo, sob a implementação da política de "tolerância zero" destinada a conter a imigração, mais de 2 mil crianças foram separadas de seus pais e permanecem sob cuidados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos em vários abrigos.
"Se trata de questão extremamente sensível para a sociedade e o Governo brasileiros. Pedi sua especial atenção para assegurar a rápida reunião das famílias", afirmou Temer, agradecendo a disposição de Pence, "que me indicou para trabalharmos juntos em busca de uma solução".
O vice-presidente americano apontou que seu governo "está trabalhando para reunir as famílias, inclusive as brasileiras".
Ele acrescentou que "os Estados Unidos são o país que mais recebe imigrantes no mundo" e disse que seu governo mantém um "compromisso para abordar as causas" que provocam a violência e a criminalidade na América Central, estimulando a imigração.
Veja também:
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Pence e a secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen, se reunião nesta quinta-feira, na Cidade da Guatemala, com os presidentes da Guatemala e de Honduras e o vice-presidente de El Salvador para discutir a crise migratória.
Pence, que viaja pela terceira vez à América do Sul, realiza a primeira visita de alto nível americana ao Brasil desde a de seu antecessor, Joe Biden, em 2014, durante a Copa do Mundo.
Isolamento de Maduro
A crise venezuelana foi outro tema da agenda de Temer e Pence. O vice-presidente americano pediu para o Brasil apoiar "ações mais fortes" para isolar o governo de Nicolás Maduro e evitar que "o povo venezuelano continue sofrendo".
Ele destacou o apoio do Brasil às sanções econômicas contra Caracas e comemorou a decisão da União Europeia de sancionar a vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez.
"Os Estados Unidos permanecerão junto ao bom povo da Venezuela", com a ajuda do Brasil.
Temer disse que os dois países "convergem no desejo de uma plena restauração democrática na Venezuela".
Após o encontro, o chanceler Aloysio Nunes apontou, segundo a Agência Brasil, que o governo brasileiro é contrário a "qualquer iniciativa unilateral em matéria de sanções". "Para nós, o tema da Venezuela está colocado onde deveria estar colocado, na OEA (Organização dos Estados Americanos)", afirmou.
Pence viaja ainda nesta terça-feira para Manaus, para visitar um abrigo para venezuelanos. Milhares de refugiados do país chegaram nos últimos anos à capital amazonense, a quase mil quilômetros da fronteira com a Venezuela.
Mais de 32 mil venezuelanos buscaram refúgio no Brasil, além de milhares de outros residentes temporários nos últimos três anos, com números aumentando à medida que se aprofunda a crise social, econômica e política no país vizinho. P
Pence anunciou a entrega de mais 10 milhões de dólares para a acolhida migratória no Brasil, além dos mais de 10 milhões já enviados.
Em Manaus, Pence sobrevoará a floresta amazônica antes de continuar sua excursão em Quito.
Outro tema que citado por Temer que gerou diferenças entre Brasil e Estados Unidos, é a imposição por parte de Washington de tarifas alfandegárias e cotas às importações de alumínio e aço.
O mandatário pediu para continuar trabalhando para eliminar barreiras ao comércio.
Desde 1º de junho, as exportações brasileiras aos Estados Unidos de alumínio são taxadas com uma tarifa de 10% e as de aço são sujeitas a cotas, o que o Brasil considerou injustificado e para o que pede soluções.
Base de lançamento
Pence e Temer abordaram ainda o avanço das negociações sobre o uso pelos Estados Unidos da base de Alcântara para o lançamento de satélites.
Alcântara tem uma localização ideal para os lançamentos, pois fica muito próxima da linha do Equador, o que permite economizar até 30% de combustível ou transportar mais carga.
Estas negociações estão em "uma fase inicial, muito preliminar" e se discutem "as salvaguardas" legais e tecnológicas para proteger a propriedade intelectual dos Estados Unidos e a soberania nacional, disse Simas Magalhães.
O diplomata admitiu que "há um interesse" no Brasil e da Força Aérea em alcançar um acordo. "Temos aí um filão de mercado extraordinário", destacou.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Brasil e Estados Unidos chegaram a um acordo para usar a base, mas o mesmo foi logo bloqueado pelo Congresso, que considerou que entrava em conflito com a legislação brasileira.
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