Manifestantes pedem saída de Ortega em meio à violência na Nicarágua
Manágua, 5 Jul 2018 (AFP) - Milhares de nicaraguenses formaram nesta quarta-feira um cordão humano na rodovia que liga Manágua a Masaya para exigir a saída do poder do presidente Daniel Ortega e o fim da violência que deixou mais de 220 mortos em 75 dias de protestos.
Com bandeiras e vestidos de azul e branco, as cores da Nicarágua, os manifestantes protestaram na rodovia entre as rotatórias Rubén Darío e Jean Paul Genie, distantes 3,5 km uma da outra.
"O povo se levantou e dissemos ao comandante Ortega que vá embora, renuncie, o povo não tem medo", declarou um jovem de 27 anos, com uma bandeira na mão.
Muitos dos manifestantes eram trabalhadores das empresas situadas ao longo da rodovia.
Os manifestantes acusam Ortega e sua mulher e vice-presidenta Rosario Murillo de desencadear uma violenta repressão contra os protestos e de instaurar o nepotismo e uma ditadura na Nicarágua.
O irmão do presidente e ex-chefe do Exército da Nicarágua, general da reserva Humberto Ortega, lhe pediu para aceitar a antecipação das eleições de 2021 para 2019, e desativar os grupos armados ilegais, em uma carta divulgada nesta quarta-feira.
"Adiantar constitucionalmente as eleições para o ano que vem diz sim à paz", ressaltou na mensagem enviada à mesa de diálogo mediada pela Igreja católica.
O diálogo está estagnado porque Ortega, cujo terceiro período consecutivo será concluído em janeiro de 2022, ainda não respondeu ao pedido, feito há quase um mês.
Em outro ponto da capital, centenas de simpatizantes do governo, na maioria funcionários púbicos, fizeram uma marcha "rubro-negra", cores do partido do governo Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que terminou com um show na Avenida Bolívar.
"Nenhum passo atrás", "Fique comandante (Ortega), fique", gritavam os sandinistas em apoio ao governo.
- "Uma caçada" -A violência não para na Nicarágua. As forças policiais e os grupos armados ilegais continuam desmontando barricadas erguidas pelos manifestantes.
Em La Trinidad, no departamento de Estelí, 125 km ao norte de Manágua, policiais e paramilitares recuperaram o controle da cidade, após desalojar manifestantes que bloqueavam a principal estrada de acesso.
"A polícia tem o controle" da cidade após os confrontos de terça-feira com manifestantes, que deixaram um morto, dois feridos e dez detidos, disse à AFP o padre Eugenio Rodríguez, da paróquia de São Francisco de Assis.
O homem morto pertencia às forças do governo
A polícia havia abandonado La Trinidad há mais de duas semanas, quando os manifestantes isolaram a cidade com barricadas nas estradas.
Houve "uma caça de manifestantes desde ontem (terça-feira) em La Trinidad por parte de policiais e paramilitares", denunciou à AFP por telefone Meyling Gutiérrez, representante do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) no departamento de Estelí.
Na rebelde cidade de Masaya, 30 km ao sul de Manágua, a casa de um dirigente estudantil dos protestos, Yubrank Suazo, foi queimado a madrugada desta quarta-feira.
"Um ato totalmente condenável, destruiu o esforço de muitos anos que como família artesã viemos construindo. Este ato odioso, do qual minha família é vítima, reforça a minha luta para conquistar uma Nicarágua melhor", declarou Suazo à AFP, depois de responsabilizar grupos simpáticos a Ortega.
- "Embora nos matem" -A Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) registra 309 mortos - 288 identificados -, enquanto que o Cenidh e a Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH) relatam 220 mortos e uma dezena mais em verificação.
Mais de 1.500 pessoas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas - muitas já libertadas -, segundo os grupos de direitos humanos.
"Embora estejam nos matando e nos prendendo, vamos lutar por nossos direitos", disse à AFP uma jovem estudante de antropologia que se identificou como "Morena" em Manágua.
Diante a grave situação, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instalou nesta terça-feira um grupo de especialistas internacionais que investigará violações a direitos humanos.
O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) trabalhará por seis meses prorrogáveis para investigar os fatos de violência e recomendar ações de reparação às vítimas e familiares, segundo a CIDH.
O governo acusa os manifestantes de "delinquência" e de pretender com suas demandas e manifestações dar um golpe de Estado.
Ortega, ex-guerrilheiro sandinista de 72 anos, esteve no poder por uma década depois que uma insurreição popular derrotou o ditador Anastasio Somoza, em 1979. Em 2007, foi reelegido presidente e está no terceiro mandato consecutivo.
Com bandeiras e vestidos de azul e branco, as cores da Nicarágua, os manifestantes protestaram na rodovia entre as rotatórias Rubén Darío e Jean Paul Genie, distantes 3,5 km uma da outra.
"O povo se levantou e dissemos ao comandante Ortega que vá embora, renuncie, o povo não tem medo", declarou um jovem de 27 anos, com uma bandeira na mão.
Muitos dos manifestantes eram trabalhadores das empresas situadas ao longo da rodovia.
Os manifestantes acusam Ortega e sua mulher e vice-presidenta Rosario Murillo de desencadear uma violenta repressão contra os protestos e de instaurar o nepotismo e uma ditadura na Nicarágua.
O irmão do presidente e ex-chefe do Exército da Nicarágua, general da reserva Humberto Ortega, lhe pediu para aceitar a antecipação das eleições de 2021 para 2019, e desativar os grupos armados ilegais, em uma carta divulgada nesta quarta-feira.
"Adiantar constitucionalmente as eleições para o ano que vem diz sim à paz", ressaltou na mensagem enviada à mesa de diálogo mediada pela Igreja católica.
O diálogo está estagnado porque Ortega, cujo terceiro período consecutivo será concluído em janeiro de 2022, ainda não respondeu ao pedido, feito há quase um mês.
Em outro ponto da capital, centenas de simpatizantes do governo, na maioria funcionários púbicos, fizeram uma marcha "rubro-negra", cores do partido do governo Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que terminou com um show na Avenida Bolívar.
"Nenhum passo atrás", "Fique comandante (Ortega), fique", gritavam os sandinistas em apoio ao governo.
- "Uma caçada" -A violência não para na Nicarágua. As forças policiais e os grupos armados ilegais continuam desmontando barricadas erguidas pelos manifestantes.
Em La Trinidad, no departamento de Estelí, 125 km ao norte de Manágua, policiais e paramilitares recuperaram o controle da cidade, após desalojar manifestantes que bloqueavam a principal estrada de acesso.
"A polícia tem o controle" da cidade após os confrontos de terça-feira com manifestantes, que deixaram um morto, dois feridos e dez detidos, disse à AFP o padre Eugenio Rodríguez, da paróquia de São Francisco de Assis.
O homem morto pertencia às forças do governo
A polícia havia abandonado La Trinidad há mais de duas semanas, quando os manifestantes isolaram a cidade com barricadas nas estradas.
Houve "uma caça de manifestantes desde ontem (terça-feira) em La Trinidad por parte de policiais e paramilitares", denunciou à AFP por telefone Meyling Gutiérrez, representante do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) no departamento de Estelí.
Na rebelde cidade de Masaya, 30 km ao sul de Manágua, a casa de um dirigente estudantil dos protestos, Yubrank Suazo, foi queimado a madrugada desta quarta-feira.
"Um ato totalmente condenável, destruiu o esforço de muitos anos que como família artesã viemos construindo. Este ato odioso, do qual minha família é vítima, reforça a minha luta para conquistar uma Nicarágua melhor", declarou Suazo à AFP, depois de responsabilizar grupos simpáticos a Ortega.
- "Embora nos matem" -A Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) registra 309 mortos - 288 identificados -, enquanto que o Cenidh e a Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH) relatam 220 mortos e uma dezena mais em verificação.
Mais de 1.500 pessoas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas - muitas já libertadas -, segundo os grupos de direitos humanos.
"Embora estejam nos matando e nos prendendo, vamos lutar por nossos direitos", disse à AFP uma jovem estudante de antropologia que se identificou como "Morena" em Manágua.
Diante a grave situação, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instalou nesta terça-feira um grupo de especialistas internacionais que investigará violações a direitos humanos.
O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) trabalhará por seis meses prorrogáveis para investigar os fatos de violência e recomendar ações de reparação às vítimas e familiares, segundo a CIDH.
O governo acusa os manifestantes de "delinquência" e de pretender com suas demandas e manifestações dar um golpe de Estado.
Ortega, ex-guerrilheiro sandinista de 72 anos, esteve no poder por uma década depois que uma insurreição popular derrotou o ditador Anastasio Somoza, em 1979. Em 2007, foi reelegido presidente e está no terceiro mandato consecutivo.
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