Morte de rapaz negro pela polícia gera confrontos na França
Nantes, França, 5 Jul 2018 (AFP) - Pelo menos 12 pessoas foram detidas na França, após uma segunda noite de protestos pela morte de um jovem de 22 anos abatido pela Polícia durante um blitz na cidade de Nantes.
Onze pessoas foram detidas em Nantes (oeste), e uma, na região parisiense, mais precisamente em Garges-lès-Gonesse, localidade de origem da vítima.
"Foram detidas por atos de violência, lançamento de pedras e tentativa de atear fogo", disse à AFP uma fonte próxima às investigações.
Em Nantes, vários prédios públicos, incluindo uma delegacia de Polícia e uma biblioteca, sofreram danos, e uma dúzia de lojas foi incendiada na noite de quarta. Esta manhã, ainda viam-se as fumaças que saíam dos veículos queimados.
Em Garges-lès-Gonesse, a 16 quilômetros de Paris, a Polícia foi alvo de lançamento de pedras e de coquetéis molotov, e várias latas de lixo foram incendiadas. Horas antes, uma marcha em memória da vítima reuniu 200 pessoas.
O gatilho dos distúrbios foi a morte de um jovem de 22 anos, identificado pela imprensa local como Aboubakar F., na terça-feira à noite, durante um controle policial, depois de cometer uma infração com seu carro.
Segundo fontes ligadas à investigação, o rapaz, que tinha em aberto uma ordem de detenção por roubo em grupo, havia tentado fugir, dando marcha a ré, onde um agente estava parado. Foi nesse momento que um segundo policial atirou, atingindo-o na carótida.
Entrevistados pela AFP, vários moradores puseram essa versão em xeque. Segundo uma mulher, que pediu para não ser identificada e que filmou o episódio da janela de casa, não havia "nenhum policial atrás do veículo". Outros afirmam que o jovem "parou" e "mostrou seus documentos".
- Autoridades prometem 'transparência' -O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, que viajou para Nantes nesta quinta-feira, condenou os distúrbios e prometeu "maior transparência sobre as circunstâncias" da morte do jovem.
A família da vítima fez um apelo à calma antes de uma nova passeata prevista para esta quinta no bairro de Breil, um bairro socialmente misto, com um histórico de violência de gangues.
A relação entre a Polícia e os jovens nos subúrbios pobres da França, habitados em sua maioria por imigrantes, ou por descendentes de imigrantes, é difícil. Agravou-se, em particular, desde que, em 2005, dois adolescentes morreram eletrocutados quando escapavam da polícia. Esse episódio provocou uma onda de distúrbios em todo país.
A agressão a um jovem negro com um cassetete em um subúrbio de Paris no ano passado também deflagrou confrontos com os policiais.
A Polícia se queixa, por sua vez, do aumento da violência contra a corporação. Em janeiro, o governo prometeu tomar medidas enérgicas contra a violência urbana, depois do vídeo de uma policial agredida por uma multidão na periferia da capital na véspera do Ano Novo.
we-grd/meb/zm/tt
Onze pessoas foram detidas em Nantes (oeste), e uma, na região parisiense, mais precisamente em Garges-lès-Gonesse, localidade de origem da vítima.
"Foram detidas por atos de violência, lançamento de pedras e tentativa de atear fogo", disse à AFP uma fonte próxima às investigações.
Em Nantes, vários prédios públicos, incluindo uma delegacia de Polícia e uma biblioteca, sofreram danos, e uma dúzia de lojas foi incendiada na noite de quarta. Esta manhã, ainda viam-se as fumaças que saíam dos veículos queimados.
Em Garges-lès-Gonesse, a 16 quilômetros de Paris, a Polícia foi alvo de lançamento de pedras e de coquetéis molotov, e várias latas de lixo foram incendiadas. Horas antes, uma marcha em memória da vítima reuniu 200 pessoas.
O gatilho dos distúrbios foi a morte de um jovem de 22 anos, identificado pela imprensa local como Aboubakar F., na terça-feira à noite, durante um controle policial, depois de cometer uma infração com seu carro.
Segundo fontes ligadas à investigação, o rapaz, que tinha em aberto uma ordem de detenção por roubo em grupo, havia tentado fugir, dando marcha a ré, onde um agente estava parado. Foi nesse momento que um segundo policial atirou, atingindo-o na carótida.
Entrevistados pela AFP, vários moradores puseram essa versão em xeque. Segundo uma mulher, que pediu para não ser identificada e que filmou o episódio da janela de casa, não havia "nenhum policial atrás do veículo". Outros afirmam que o jovem "parou" e "mostrou seus documentos".
- Autoridades prometem 'transparência' -O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, que viajou para Nantes nesta quinta-feira, condenou os distúrbios e prometeu "maior transparência sobre as circunstâncias" da morte do jovem.
A família da vítima fez um apelo à calma antes de uma nova passeata prevista para esta quinta no bairro de Breil, um bairro socialmente misto, com um histórico de violência de gangues.
A relação entre a Polícia e os jovens nos subúrbios pobres da França, habitados em sua maioria por imigrantes, ou por descendentes de imigrantes, é difícil. Agravou-se, em particular, desde que, em 2005, dois adolescentes morreram eletrocutados quando escapavam da polícia. Esse episódio provocou uma onda de distúrbios em todo país.
A agressão a um jovem negro com um cassetete em um subúrbio de Paris no ano passado também deflagrou confrontos com os policiais.
A Polícia se queixa, por sua vez, do aumento da violência contra a corporação. Em janeiro, o governo prometeu tomar medidas enérgicas contra a violência urbana, depois do vídeo de uma policial agredida por uma multidão na periferia da capital na véspera do Ano Novo.
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