Topo

ELN denomina de 'sonoro fracasso' acordo de paz com as Farc na Colômbia

10/07/2018 21h13

Bogotá, 11 Jul 2018 (AFP) - O ELN, a última guerrilha ativa da Colômbia e que negocia a paz com agentes do Estado, qualifica como um "sonoro fracasso" o acordo de 2016 entre a ex-guerrilha das Farc e o governo para superar meio século de conflito armado.

"Nenhum outro momento como este pode ser mais claro para ratificar a validade da luta armada revolucionária (...) depois do fracasso sonoro do caminho das negociações e os acordos entre as extintas Farc e a oligarquia colombiana", disse Nicolás Rodríguez Bautista ("Gabino"), comandante máximo da guerrilha guevarista.

"Gabino" assegurou que o acordo que desarmou e transformou em partido político a antiga insurgência comunista deixa "grandes lições" em um momento em que representantes do Exército de Libertação Nacional (ELN) negociam em Cuba um acordo similar com o governo de Juan Manuel Santos.

"Os que foram das Farc, nem são hoje força insurgente nem um real partido legal e essa grande lição é para ser aprendida no mais profundo", acrescentou o líder rebelde em uma carta datada de 4 de julho, mas publicada nesta terça-feira nas páginas dos insurgentes na internet.

Santos, que deixará o poder em agosto, busca com o ELN assinar um pacto semelhante ao acordado com as Farc, que permita a "paz completa" para uma nação ensanguentada.

Seu sucessor, o direita Iván Duque, prometeu modificar o que foi assinado com as Farc e endurecer as condições para continuar as conversações com os membros do ELN, que no entanto reiterou sua disposição para manter os diálogos.

"Depois das eleições no nosso país fica um presidente que representa os mais rançosos interesses oligárquicos", assegurou o comandante do ELN.

As Farc, que foram a guerrilha mais poderosa das Américas, assinaram um histórico pacto de paz no final de 2016 após quatro anos de diálogos na capital cubana.

Pelo que foi acertado, cerca de 7.000 combatentes deixaram as armas e formaram agora o partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), que terá dez assentos no Parlamento a partir de 20 de julho.

Os ex-guerrilheiros denunciaram descumprimentos estatais na implementação do acertado, entre eles falta de garantias de segurança para seus ex-combatentes e de participação política.

Além disso, qualificaram de "falsidade" as mudanças realizadas no Congresso no sistema de justiça para julgar ex-guerrilheiros e militares por crimes cometidos durante os confrontos.