Segurança do novo presidente do México preocupa os especialistas
México, 11 Jul 2018 (AFP) - A promessa do futuro presidente mexicano de governar "perto do povo" é radical: ele não vai morar na residência presidencial, reduzirá seu salário, viajará em voos comerciais e se recusará a ter guarda-costas.
A marca "AMLOve", de Andrés Manuel López Obrador, desperta a admiração dos cidadãos, mas o receio de especialistas em segurança.
Desde as históricas eleições de 1º de julho, quando a esquerda chegou à Presidência no México pela mão de López Obrador, o político veterano - conhecido como AMLO por suas iniciais - é seguido de perto por um agitado enxame de jornalistas e simpatizantes.
"Só vi isto com Paul McCartney", confessa à AFP Giordano Garduño em meio ao tumulto que se formou ao redor de López Obrador no dia das eleições, quando saiu de seu carro sem dispositivo de segurança.
Com boina jeans, este estudante de 19 anos deu o primeiro voto de sua vida a AMLO, e assim como mais de 30 milhões de mexicanos (mais da metade dos eleitores), confia em que ele vai governar "sem luxos, nem privilégios".
Segurando lamparinas com a imagem de López Obrador e bandeiras com seu nome, milhares de pessoas se concentraram na praça principal do país para comemorar a vitória do candidato esquerdista de 64 anos.
"Assim como vocês me querem bem, eu quero o bem de vocês e um pouquinho mais!", disse-lhes López Obrador, debaixo de uma chuva de confete no palco montado para a ocasião.
Sasha Vázquez, uma jovem de 27 anos vestindo roupa hippie, estava emocionada por ter encostado no presidente eleito, que vai assumir o cargo em 1º de dezembro.
"De longe e de perto, emana boas vibrações. Seu amor o protege, não precisa de guarda-costas", apostou, usando uma faixa no cabelo com a inscrição "Peace and AMLOve".
Mas a bucólica imagem se depara com as cifras de um país cada vez mais violento: a campanha eleitoral foi a mais sangrenta da história recente do país, com 145 políticos assassinados, enquanto 2017 bateu recorde de homicídios, com 25.324 casos no país.
- "Sem camisa" -A horda de pessoas comuns e jornalistas que se espremem na janela do carro de López Obrador em suas viagens violou os protocolos de segurança do Palácio Nacional na semana passada, quando o presidente eleito chegou para a reunião com o presidente em fim de mandato, Enrique Peña Nieto.
A Polícia não pôde impedir a entrada da multidão ao Palácio. Uma mulher deslizou entre empurrões até chegar aos braços de López Obrador, que retribuiu com um beijo no rosto.
"Não quero ter guarda-costas, isso significa que os cidadãos vão cuidar de mim (...) Só espero que não me esmaguem", comentou, sorridente, López Obrador.
Essa estratégia é um "erro total, produto mais do capricho do que de uma reflexão", afirma Alejandro Hope, ex-agente de Inteligência e consultor em segurança.
Nas muitas coletivas de imprensa que López Obrador deu desde a sua vitória, tem reiterado que transformará em espaço cultural a residência presidencial de Los Pinos, uma sofisticada propriedade próxima do bosque de Chapultepec; que seu salário será a metade do que ganha Peña Nieto; que venderá o caro avião presidencial para viajar em voos comerciais; e que integrará as forças do estado-maior presidencial ao Exército para se deslocar em seguranças.
"Ainda que fiquemos sem a camisa, porque vai haver austeridade. Estes recursos têm que ser liberados" para programas de ajuda a jovens e idosos, afirma López Obrador.
- Problemas pessoais -Sem blindagem, AMLO se expõe constantemente ao contato direto com pessoas que o esperam às dezenas, dia e noite, do lado de fora de sua "casa de transição" para lhe dar livros, roupas feitas à mão ou fazer pedidos pessoais.
"Venho lhe pedir ajuda porque meu filho está na prisão há cinco anos injustamente", disse Rosalía Flores, uma idosa que chegou em cadeira de rodas até o casarão colonial para entregar-lhe pessoalmente seu pedido.
Junto dela, universitários, vizinhos desalojados ou camponeses inconformados esperam sua vez.
A falta de segurança de AMLO e seu casarão vai passar por uma prova de fogo nesta sexta-feira, com a visita de três secretários americanos e um conselheiro do presidente Donald Trump.
A virtual ministra do Governo (Interior) de Obrador, Olga Sánchez, está preocupada.
"O status jurídico, político, de governo de um presidente da República deve ter obviamente um sistema de segurança que cuide dele porque a governabilidade está em jogo, a estabilidade do Estado", disse em entrevista ao jornal Milenio.
As críticas fizeram com que AMLO relativizasse sua postura e recentemente considerou ter algum sistema alternativo de segurança.
Para Hope, com o sem o estado-maior presidencial, alguém deverá garantir a integridade do presidente e de sua família, o sigilo de suas comunicações, a blindagem de sua residência, a logística de suas viagens, a segurança de chefes de Estado que visitarem o México.
"É melhor prevenir do que remediar", ironizou.
A marca "AMLOve", de Andrés Manuel López Obrador, desperta a admiração dos cidadãos, mas o receio de especialistas em segurança.
Desde as históricas eleições de 1º de julho, quando a esquerda chegou à Presidência no México pela mão de López Obrador, o político veterano - conhecido como AMLO por suas iniciais - é seguido de perto por um agitado enxame de jornalistas e simpatizantes.
"Só vi isto com Paul McCartney", confessa à AFP Giordano Garduño em meio ao tumulto que se formou ao redor de López Obrador no dia das eleições, quando saiu de seu carro sem dispositivo de segurança.
Com boina jeans, este estudante de 19 anos deu o primeiro voto de sua vida a AMLO, e assim como mais de 30 milhões de mexicanos (mais da metade dos eleitores), confia em que ele vai governar "sem luxos, nem privilégios".
Segurando lamparinas com a imagem de López Obrador e bandeiras com seu nome, milhares de pessoas se concentraram na praça principal do país para comemorar a vitória do candidato esquerdista de 64 anos.
"Assim como vocês me querem bem, eu quero o bem de vocês e um pouquinho mais!", disse-lhes López Obrador, debaixo de uma chuva de confete no palco montado para a ocasião.
Sasha Vázquez, uma jovem de 27 anos vestindo roupa hippie, estava emocionada por ter encostado no presidente eleito, que vai assumir o cargo em 1º de dezembro.
"De longe e de perto, emana boas vibrações. Seu amor o protege, não precisa de guarda-costas", apostou, usando uma faixa no cabelo com a inscrição "Peace and AMLOve".
Mas a bucólica imagem se depara com as cifras de um país cada vez mais violento: a campanha eleitoral foi a mais sangrenta da história recente do país, com 145 políticos assassinados, enquanto 2017 bateu recorde de homicídios, com 25.324 casos no país.
- "Sem camisa" -A horda de pessoas comuns e jornalistas que se espremem na janela do carro de López Obrador em suas viagens violou os protocolos de segurança do Palácio Nacional na semana passada, quando o presidente eleito chegou para a reunião com o presidente em fim de mandato, Enrique Peña Nieto.
A Polícia não pôde impedir a entrada da multidão ao Palácio. Uma mulher deslizou entre empurrões até chegar aos braços de López Obrador, que retribuiu com um beijo no rosto.
"Não quero ter guarda-costas, isso significa que os cidadãos vão cuidar de mim (...) Só espero que não me esmaguem", comentou, sorridente, López Obrador.
Essa estratégia é um "erro total, produto mais do capricho do que de uma reflexão", afirma Alejandro Hope, ex-agente de Inteligência e consultor em segurança.
Nas muitas coletivas de imprensa que López Obrador deu desde a sua vitória, tem reiterado que transformará em espaço cultural a residência presidencial de Los Pinos, uma sofisticada propriedade próxima do bosque de Chapultepec; que seu salário será a metade do que ganha Peña Nieto; que venderá o caro avião presidencial para viajar em voos comerciais; e que integrará as forças do estado-maior presidencial ao Exército para se deslocar em seguranças.
"Ainda que fiquemos sem a camisa, porque vai haver austeridade. Estes recursos têm que ser liberados" para programas de ajuda a jovens e idosos, afirma López Obrador.
- Problemas pessoais -Sem blindagem, AMLO se expõe constantemente ao contato direto com pessoas que o esperam às dezenas, dia e noite, do lado de fora de sua "casa de transição" para lhe dar livros, roupas feitas à mão ou fazer pedidos pessoais.
"Venho lhe pedir ajuda porque meu filho está na prisão há cinco anos injustamente", disse Rosalía Flores, uma idosa que chegou em cadeira de rodas até o casarão colonial para entregar-lhe pessoalmente seu pedido.
Junto dela, universitários, vizinhos desalojados ou camponeses inconformados esperam sua vez.
A falta de segurança de AMLO e seu casarão vai passar por uma prova de fogo nesta sexta-feira, com a visita de três secretários americanos e um conselheiro do presidente Donald Trump.
A virtual ministra do Governo (Interior) de Obrador, Olga Sánchez, está preocupada.
"O status jurídico, político, de governo de um presidente da República deve ter obviamente um sistema de segurança que cuide dele porque a governabilidade está em jogo, a estabilidade do Estado", disse em entrevista ao jornal Milenio.
As críticas fizeram com que AMLO relativizasse sua postura e recentemente considerou ter algum sistema alternativo de segurança.
Para Hope, com o sem o estado-maior presidencial, alguém deverá garantir a integridade do presidente e de sua família, o sigilo de suas comunicações, a blindagem de sua residência, a logística de suas viagens, a segurança de chefes de Estado que visitarem o México.
"É melhor prevenir do que remediar", ironizou.
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