Papa faz apelo por reconciliação aos católicos chineses
Cidade do Vaticano, 26 Set 2018 (AFP) - O papa Francisco pediu nesta quarta-feira (26) ao conjunto dos católicos chineses uma "reconciliação", após um histórico acordo com Pequim sobre a nomeação de bispos.
"Convido em consequência todos os católicos chineses a serem os artífices da reconciliação", escreveu o pontífice em uma mensagem, reconhecendo que alguns deles podem ter "a sensação de que foram abandonados pela Santa Sé".
No avião que o trouxe de volta na terça-feira da Estônia, Jorge Bergoglio citou o "sofrimento" na China dos católicos, cujo número chega a 12 milhões num país com 1,4 bilhão de habitantes, divididos há décadas entre uma Igreja "patriótica" controlada pelo regime comunista e uma Igreja clandestina que reconhecia apenas a autoridade do papa.
"Quando se firma um acordo de paz ou uma negociação, as duas partes perdem alguma coisa. É a regra", declarou na ocasião.
"Roguemos pelos sofrimentos de alguns que não compreendem ou que têm atrás deles tantos anos de clandestinidade", completou.
O Vaticano assinou no sábado um histórico acordo com a China sobre o delicado tema da nomeação dos bispos neste país.
O acordo preliminar, anunciado após 67 anos de separação entre Roma e Pequim, deixa, no entanto, na incerteza milhões de católicos chineses fiéis à "igreja subterrânea", que reconhece apenas a autoridade do papa, e não a igreja "oficial" autorizada pelo regime.
Nos termos do acordado, o papa reconheceu sete bispos chineses que haviam sido nomeados por Pequim sem seu aval, bem como um oitavo bispo a título póstumo.
As próximas nomeações constituem um passo-chave para a unificação das duas igrejas católicas que existem no país comunista.
A China se comprometeu a parar de designar bispos sem o mandato papal, como acontecia no passado, mas será consultada sobre os candidatos.
Em sua mensagem divulgada nesta quarta-feira em várias línguas, incluindo mandarim, ele convida esses sete bispos chineses a "expressar, por gestos concretos e visíveis, a unidade" com o Vaticano.
O acordo concluído sabádo "será ineficaz e estéril, caso não seja acompanhado de um profundo compromisso de renovação das atitutes pessoais e comportamentos eclesiais", advertiu o papa.
- Interrogação sobre Taiwan -"Neste espírito e com as decisões tomadas, podemos começar um novo caminho, que, esperamos, venha a ajudar a curar as feridas do passado, para restaurar a plena comunhão de todos os católicos na China e abrir uma fase de colaboração mais fraterna", disse ele.
Questionado nesta quarta-feira sobre este acordo, o ministério das Relações Exteriores da China respondeu que não tinha "mais detalhes" em relação ao anúncio feito no sábado.
"A China espera sinceramente melhorar suas relações com o Vaticano e tomamos medidas para conseguir isso", declarou o porta-voz Geng Shuang durante uma coletiva de imprensa.
Uma voz se elevou, no entanto, contra o acordo, a do bispo emértido de Hong Kong, Joseph Zen, para quem é um sinal de que o Vaticano está disposto a abandonar as suas relações oficiais com Taiwan, que continua a ser o único aliado na Europa.
"A Santa Sé, o Vaticano, está pronta para abandonar Taiwan", disse ele a repórteres em Hong Kong na quarta-feira.
"Temo que os taiwaneses não compreendam, porque parece a traição de um amigo".
Conhecido por sua franqueza e por sua luta incansável pela liberdade política, Joseph Zen sempre protestou contra qualquer acordo entre a Igreja Católica e Pequim, dizendo que isso seria uma traição aos membros perseguidos da Igreja não oficial na China.
A ilha de Taiwan vive seu próprio destino desde 1949, quando os nacionalistas de Kuomintang (KMT) fugiram da China continental depois de sua derrota para as tropas comunistas de Mao Tse Tung.
Mas Pequim ainda considera parte integrante de seu território que pode retomar pela força, se necessário.
A China exige que seus aliados cortem relações diplomáticas com Taipei e o Vaticano é um dos últimos 17 Estados do mundo a reconhecer o governo de Taiwan.
"Convido em consequência todos os católicos chineses a serem os artífices da reconciliação", escreveu o pontífice em uma mensagem, reconhecendo que alguns deles podem ter "a sensação de que foram abandonados pela Santa Sé".
No avião que o trouxe de volta na terça-feira da Estônia, Jorge Bergoglio citou o "sofrimento" na China dos católicos, cujo número chega a 12 milhões num país com 1,4 bilhão de habitantes, divididos há décadas entre uma Igreja "patriótica" controlada pelo regime comunista e uma Igreja clandestina que reconhecia apenas a autoridade do papa.
"Quando se firma um acordo de paz ou uma negociação, as duas partes perdem alguma coisa. É a regra", declarou na ocasião.
"Roguemos pelos sofrimentos de alguns que não compreendem ou que têm atrás deles tantos anos de clandestinidade", completou.
O Vaticano assinou no sábado um histórico acordo com a China sobre o delicado tema da nomeação dos bispos neste país.
O acordo preliminar, anunciado após 67 anos de separação entre Roma e Pequim, deixa, no entanto, na incerteza milhões de católicos chineses fiéis à "igreja subterrânea", que reconhece apenas a autoridade do papa, e não a igreja "oficial" autorizada pelo regime.
Nos termos do acordado, o papa reconheceu sete bispos chineses que haviam sido nomeados por Pequim sem seu aval, bem como um oitavo bispo a título póstumo.
As próximas nomeações constituem um passo-chave para a unificação das duas igrejas católicas que existem no país comunista.
A China se comprometeu a parar de designar bispos sem o mandato papal, como acontecia no passado, mas será consultada sobre os candidatos.
Em sua mensagem divulgada nesta quarta-feira em várias línguas, incluindo mandarim, ele convida esses sete bispos chineses a "expressar, por gestos concretos e visíveis, a unidade" com o Vaticano.
O acordo concluído sabádo "será ineficaz e estéril, caso não seja acompanhado de um profundo compromisso de renovação das atitutes pessoais e comportamentos eclesiais", advertiu o papa.
- Interrogação sobre Taiwan -"Neste espírito e com as decisões tomadas, podemos começar um novo caminho, que, esperamos, venha a ajudar a curar as feridas do passado, para restaurar a plena comunhão de todos os católicos na China e abrir uma fase de colaboração mais fraterna", disse ele.
Questionado nesta quarta-feira sobre este acordo, o ministério das Relações Exteriores da China respondeu que não tinha "mais detalhes" em relação ao anúncio feito no sábado.
"A China espera sinceramente melhorar suas relações com o Vaticano e tomamos medidas para conseguir isso", declarou o porta-voz Geng Shuang durante uma coletiva de imprensa.
Uma voz se elevou, no entanto, contra o acordo, a do bispo emértido de Hong Kong, Joseph Zen, para quem é um sinal de que o Vaticano está disposto a abandonar as suas relações oficiais com Taiwan, que continua a ser o único aliado na Europa.
"A Santa Sé, o Vaticano, está pronta para abandonar Taiwan", disse ele a repórteres em Hong Kong na quarta-feira.
"Temo que os taiwaneses não compreendam, porque parece a traição de um amigo".
Conhecido por sua franqueza e por sua luta incansável pela liberdade política, Joseph Zen sempre protestou contra qualquer acordo entre a Igreja Católica e Pequim, dizendo que isso seria uma traição aos membros perseguidos da Igreja não oficial na China.
A ilha de Taiwan vive seu próprio destino desde 1949, quando os nacionalistas de Kuomintang (KMT) fugiram da China continental depois de sua derrota para as tropas comunistas de Mao Tse Tung.
Mas Pequim ainda considera parte integrante de seu território que pode retomar pela força, se necessário.
A China exige que seus aliados cortem relações diplomáticas com Taipei e o Vaticano é um dos últimos 17 Estados do mundo a reconhecer o governo de Taiwan.
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