Sob protestos, Pittsburgh recebe Trump após funeral de vítimas de massacre
Pittsburgh, Estados Unidos, 30 Out 2018 (AFP) - Pittsburgh, que acaba de sofrer o pior ataque antissemita da história dos Estados Unidos, aguardava, nesta terça-feira (30), a polêmica visita do presidente Donald Trump e de sua esposa, Melania, após o funeral das primeiras duas vítimas do massacre na sinagoga.
Cecil e David Rosenthal, irmãos de 59 e 54 anos que estavam entre as 11 pessoas mortas na sinagoga Árvore da Vida no sábado, foram enterrados na presença de centenas de pessoas no templo de Rodef Shalom.
Trump chegou nesta terça à sinagoga com Melania, sua filha Ivanka e seu genro Jared Kushner. O presidente prevê acender uma vela por cada uma das vítimas do tiroteio que chocou os Estados Unidos.
Devido a essa polêmica visita, centenas de pessoas protestavam em Pittsburgh, alegando que a retórica violenta de Trump em comícios e no Twitter tem sido parcialmente responsável por polarizar o clima político antes das eleições de meio de mandato.
Os manifestantes se reuniram perto da sinagoga Árvore da Vida com cartazes com frases como "Presidente ódio, fora de nosso estado!" e "Trump, renuncie ao nacionalismo branco agora", em referência às críticas de que o presidente não fez o suficiente para frear os discursos de ódio.
"É revoltante que ocorra um crime de ódio aqui e que o líder do nosso país não denuncie o antissemitismo, não denuncie o nacionalismo branco, não denuncie o neonazismo. E esse é o problema", disse à AFP Joanna Izenson, mais cedo, a caminho do funeral dos Rosenthal.
"Sempre vai existir antissemitismo, sempre existiu, mas nunca tivemos um presidente que não lutasse contra ele, verbalmente e em todos os sentidos. E ele precisa desses partidários", acrescentou, aludindo à base de apoio de Trump.
Centenas de pessoas compareceram ao funeral em Rodef Shalom, a 25 minutos a pé da Árvore da Vida. Muitos soluçavam e se abraçavam ao sair, enquanto os dois caixões eram levados em carruagens fúnebres.
- 'Bela homenagem' -"Foi trágico, foi triste, foi uma bela homenagem a dois homens maravilhosos, carinhosos e inocentes", disse o padre Paul Taylor, um sacerdote católico que compareceu ao funeral.
O massacre cometido por Robert Bowers, de 46 anos, ocorreu na mesma semana em que um homem da Flórida, Cesar Sayoc, um fervoroso apoiador de de Trump, foi preso por suspeita de enviar mais de uma dúzia de bombas caseiras a adversários e críticos do presidente.
Os dois incidentes levaram a acusações de que Trump encoraja a violência em seus tuítes e discursos quase diários, questionando duramente os imigrantes, opositores e jornalistas.
Nas redes sociais atribuídas a Bowers é nítida sua raiva aos milhares de centro-americanos que se deslocam atualmente em direção aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor, um dos alvos da retórica antimigratória do presidente, os quais chama de "invasores".
Jeffrey Myers, rabino da Árvore da Vida presente durante o ataque, disse à CNN que "o presidente dos Estados Unidos é sempre bem-vindo".
Mas a ex-titular da sinagoga, Lynette Lederman, disse ao presidente na segunda-feira que se mantivesse longe, descrevendo-o como um "provedor de discursos de ódio".
Um grupo de líderes judeus em Pittsburgh publicou uma carta aberta culpando Trump de incentivar sentimentos nacionalistas que levaram ao ataque. O texto também aponta que, enquanto ele atacar "os imigrantes e refugiados", não será bem-vindo na cidade.
- 'Supremacista cristão' -Mas Trump reagiu argumentando que são os jornalistas críticos quem, na verdade, alimentam o extremismo. "Existe uma grande ira em nosso país causada, em parte, pela informação inexata, inclusive fraudulenta, relatada nas notícias", tuitou Trump.
"Os meios de comunicação de 'fake news', os verdadeiros inimigos do povo, precisam parar a aberta e óbvia hostilidade, e informar de maneira precisa e justa. Isso fará muito para apagar a chama da ira e indignação", apontou.
A visita de Trump a Pittsburgh não é a única fonte de controvérsia sobre a resposta do governo ao massacre na sinagoga.
Na segunda-feira, o vice-presidente, Mike Pence, participou de um comício eleitoral em Michigan no qual Loren Jacobs, que usa o título de "rabino", mas defende o cristianismo, foi convidado a falar em nome da comunidade judaica da região.
Ao invés de iniciar seu discurso com uma oração pelas 11 vítimas do tiroteio da Árvore da Vida, Jacobs elogiou Jesus Cristo e depois ofereceu orações pelos quatro candidatos republicanos que disputam diversos cargos em 6 de novembro.
No final do ato, Pence, um cristão devoto e herói dos evangélicos, convidou Jacobz a fazer uma oração para as vítimas como "líder da comunidade judaica em Michigan".
Jacobs homenageou os mortos com uma oração a Jesus Cristo, sem nomear nenhum deles.
Os judeus expressaram a sua indignação nas redes sociais, considerando a participação de Jacobs uma "jogada baixa política insultante" e criticando Pence como um "supremacista cristão".
Twitter
Cecil e David Rosenthal, irmãos de 59 e 54 anos que estavam entre as 11 pessoas mortas na sinagoga Árvore da Vida no sábado, foram enterrados na presença de centenas de pessoas no templo de Rodef Shalom.
Trump chegou nesta terça à sinagoga com Melania, sua filha Ivanka e seu genro Jared Kushner. O presidente prevê acender uma vela por cada uma das vítimas do tiroteio que chocou os Estados Unidos.
Devido a essa polêmica visita, centenas de pessoas protestavam em Pittsburgh, alegando que a retórica violenta de Trump em comícios e no Twitter tem sido parcialmente responsável por polarizar o clima político antes das eleições de meio de mandato.
Os manifestantes se reuniram perto da sinagoga Árvore da Vida com cartazes com frases como "Presidente ódio, fora de nosso estado!" e "Trump, renuncie ao nacionalismo branco agora", em referência às críticas de que o presidente não fez o suficiente para frear os discursos de ódio.
"É revoltante que ocorra um crime de ódio aqui e que o líder do nosso país não denuncie o antissemitismo, não denuncie o nacionalismo branco, não denuncie o neonazismo. E esse é o problema", disse à AFP Joanna Izenson, mais cedo, a caminho do funeral dos Rosenthal.
"Sempre vai existir antissemitismo, sempre existiu, mas nunca tivemos um presidente que não lutasse contra ele, verbalmente e em todos os sentidos. E ele precisa desses partidários", acrescentou, aludindo à base de apoio de Trump.
Centenas de pessoas compareceram ao funeral em Rodef Shalom, a 25 minutos a pé da Árvore da Vida. Muitos soluçavam e se abraçavam ao sair, enquanto os dois caixões eram levados em carruagens fúnebres.
- 'Bela homenagem' -"Foi trágico, foi triste, foi uma bela homenagem a dois homens maravilhosos, carinhosos e inocentes", disse o padre Paul Taylor, um sacerdote católico que compareceu ao funeral.
O massacre cometido por Robert Bowers, de 46 anos, ocorreu na mesma semana em que um homem da Flórida, Cesar Sayoc, um fervoroso apoiador de de Trump, foi preso por suspeita de enviar mais de uma dúzia de bombas caseiras a adversários e críticos do presidente.
Os dois incidentes levaram a acusações de que Trump encoraja a violência em seus tuítes e discursos quase diários, questionando duramente os imigrantes, opositores e jornalistas.
Nas redes sociais atribuídas a Bowers é nítida sua raiva aos milhares de centro-americanos que se deslocam atualmente em direção aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor, um dos alvos da retórica antimigratória do presidente, os quais chama de "invasores".
Jeffrey Myers, rabino da Árvore da Vida presente durante o ataque, disse à CNN que "o presidente dos Estados Unidos é sempre bem-vindo".
Mas a ex-titular da sinagoga, Lynette Lederman, disse ao presidente na segunda-feira que se mantivesse longe, descrevendo-o como um "provedor de discursos de ódio".
Um grupo de líderes judeus em Pittsburgh publicou uma carta aberta culpando Trump de incentivar sentimentos nacionalistas que levaram ao ataque. O texto também aponta que, enquanto ele atacar "os imigrantes e refugiados", não será bem-vindo na cidade.
- 'Supremacista cristão' -Mas Trump reagiu argumentando que são os jornalistas críticos quem, na verdade, alimentam o extremismo. "Existe uma grande ira em nosso país causada, em parte, pela informação inexata, inclusive fraudulenta, relatada nas notícias", tuitou Trump.
"Os meios de comunicação de 'fake news', os verdadeiros inimigos do povo, precisam parar a aberta e óbvia hostilidade, e informar de maneira precisa e justa. Isso fará muito para apagar a chama da ira e indignação", apontou.
A visita de Trump a Pittsburgh não é a única fonte de controvérsia sobre a resposta do governo ao massacre na sinagoga.
Na segunda-feira, o vice-presidente, Mike Pence, participou de um comício eleitoral em Michigan no qual Loren Jacobs, que usa o título de "rabino", mas defende o cristianismo, foi convidado a falar em nome da comunidade judaica da região.
Ao invés de iniciar seu discurso com uma oração pelas 11 vítimas do tiroteio da Árvore da Vida, Jacobs elogiou Jesus Cristo e depois ofereceu orações pelos quatro candidatos republicanos que disputam diversos cargos em 6 de novembro.
No final do ato, Pence, um cristão devoto e herói dos evangélicos, convidou Jacobz a fazer uma oração para as vítimas como "líder da comunidade judaica em Michigan".
Jacobs homenageou os mortos com uma oração a Jesus Cristo, sem nomear nenhum deles.
Os judeus expressaram a sua indignação nas redes sociais, considerando a participação de Jacobs uma "jogada baixa política insultante" e criticando Pence como um "supremacista cristão".
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