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Governo espanhol se reúne em Barcelona em cabo de guerra com separatistas

21/12/2018 14h09

Barcelona, 21 dez 2018 (AFP) - Um dia depois de retomar o diálogo com os líderes regionais, o governo do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reuniu-se nesta sexta-feira (21) em Barcelona, sob um forte dispositivo policial e cercado por muitos protestos de separatistas radicais, que cortaram várias estradas na Catalunha esta manhã.

"O que viemos fazer aqui é um ato de afeto, de apreço pela Catalunha" e por Barcelona, declarou a porta-voz do Executivo socialista, Isabel Celaá, ao final do conselho de ministros.

Com lemas como "seremos ingovernáveis", diversos grupos independentistas convocaram atos para bloquear Barcelona e tentar impedir o que consideram uma "provocação" de Sánchez. Ele assumiu o poder em junho, prometendo um apaziguamento da crise catalã.

Desde as primeiras horas da manhã, os ativistas bloquearam várias estradas na região, incluindo rodovias importantes como a AP7 e a A2, que ligam a região com a França e com Madri. Também cortaram importantes vias de acesso a Barcelona, que já foram reabertas, e algumas artérias da cidade, segundo o serviço regional de tráfego.

Além das manifestações pacíficas, houve confrontos entre separatistas e a polícia, resultando em oito prisões. Em um desses incidentes, manifestantes encapuzados lançaram pedras e garrafas contra os agentes.

"É difícil saber o que vai acontecer amanhã. Mas estamos aqui, mostrando a nossa força", declarou à AFP Carles Serra, de 45 anos, que participou de uma manifestação pacífica perto do local onde foi realizado o conselho.

O conselho de ministro começou pouco depois das 9h GMT (7h de Brasília) no palácio de Llotja de Mar, perto do litoral mediterrâneo.

Nele foram aprovadas duas medidas para o próximo ano, que serão adotadas por decreto: um aumento de 22% do salário mínimo e uma alta de 2,25% do salário dos funcionários públicos.

Uma primeira pessoa foi detida em uma avenida da cidade com material "que pode ser utilizado para a fabricação de artefato incendiário, ou explosivo", de acordo com a polícia catalã, os Mossos d'Esquadra.

Um forte esquema de segurança foi montado para proteger o local do encontro, com várias barreiras erguidas a centenas de metros do edifício para manter os manifestantes afastados.

A imagem contrasta com a reunião de quinta-feira entre Sánchez e o presidente da região da Catalunha, o independentista Quim Torra.

O encontro de ontem terminou com um comunicado conjunto, no qual os dois governos se comprometem a "um diálogo efetivo" para "avançar em uma resposta democrática às demandas dos cidadãos da Catalunha, no âmbito da segurança jurídica".

Durante o encontro, celebrado em um elegante palácio de Barcelona após dias de negociações sobre o formato, os dois Executivos concordaram em prosseguir os contatos com outra reunião em janeiro.

"Cabe a todos nós abrir uma nova etapa", afirmou Sánchez posteriormente, em um jantar com empresários, onde voltou a encontrar Torra.

O encontro foi criticado pela oposição conservadora. Pablo Casado, líder do Partido Popular, criticou Sánchez por tratar Torre "praticamente como um chefe de Estado" e disse ter sentido "vergonha".

Nas ruas, os ânimos também se voltaram contra o Executivo separatista catalão por este diálogo que, segundo foi anunciado, continuará em janeiro.

"O diálogo para mim é um passo para trás. Agora não é o momento de tentar dialogar, esse momento já passou. Parece-me que se tratou apenas de uma encenação para acalmar os ânimos para hoje", declarou à AFP em Barcelona a manifestante Mariona Godia, de 35 anos.