Jornalista de TV fechada na Nicarágua é apresentada sob sigilo à Justiça
Manágua, 23 dez 2018 (AFP) - A jornalista Lucía Pineda, diretora de imprensa do canal de televisão 100% Noticias, da Nicarágua, fechada pelo governo, foi apresentada sigilosamente neste domingo (23) à Justiça, sob acusações ainda não reveladas, informou um organismo de direitos humanos.
Pineda, que tem dupla nacionalidade nicaraguense e costa-riquenha, chegou por volta das 09H30 locais (13H30 de Brasília) ao sexto juizado do distrito penal de audiência. Ela foi detida 36 horas antes, no momento da ocupação e fechamento do canal independente 100% Noticias na noite de sexta-feira, disse à AFP o advogado da Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH), Pablo Cuevas.
Pineda ingressou no juizado, a cargo do magistrado Henry Peralta, para responder a um processo ao qual a imprensa não teve acesso. Segundo Cuevas, os familiares da jornalista não foram notificados para conseguir-lhe um advogado.
Uma equipe da CPDH que permanece nos tribunais para dar assistência aos detidos foi que alertou sobre a presença de Pineda no juizado e assumiu sua representação legal, disse o advogado.
Os arredores do complexo judicial estavam fortemente resguardados pela tropa de choque.
Pineda, de 45 anos e 23 de exercício profissional, é a segunda jornalista acusada no contexto dos protestos antigovernamentais que explodiram em 18 de abril contra uma reforma da Previdência Social, que o governo qualifica de tentativa de golpe de Estado.
O governo da Costa Rica pediu no sábado informações sobre o paradeiro de Pineda e ativou os mecanismos de que dispõe para a proteção de seus cidadãos no exterior.
Proprietário da emissora de TV a cabo e de programação contínua 24 horas, o jornalista Miguel Mora, foi acusado no sábado pela promotoria de "fomentar e incitar o ódio e a violência", o que, segundo o Código Penal, configura os crimes de "provocação, proposição e conspiração para cometer atos terroristas".
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