Israel vai realizar eleições antecipadas em abril
Jerusalém, 24 dez 2018 (AFP) - Israel irá realizar eleições legislativas antecipadas em abril, anunciou nesta segunda-feira a coalizão no poder, uma formação que o premier Benjamin Netanyahu deseja repetir se voltar a ser eleito.
As legislativas estavam programadas para novembro de 2019. A decisão de dissolver o Parlamento foi tomada com o senso de "responsabilidade em termos orçamentários" e pelo interesse da nação, afirmou o porta-voz, em nome de todos os partidos que integram a maioria.
A coalizão no poder tem apenas uma cadeira de maioria no Parlamento, de 120 membros, após a demissão, no mês passado, do ministro da Defesa e chefe do partido ultranacionalista Israel Beiteinu, Avigdor Lieberman.
"A coalizão atual representa o coração da próxima. Pediremos um mandato claro aos eleitores, para continuarmos dirigindo o país com nossa política", afirmou Netanyahu, em sua primeira reação ao anúncio.
Quando explodiu a crise de segurança com Gaza, que levou à demissão de Liberman, este último acusou Netanyahu de dar uma amostra de fraqueza ao se recusar a lançar uma operação de grande envergadura contra os islamitas do Hamas após meses de confrontos.
Netanyahu, no poder há 10 anos, é o favorito, segundo as pesquisas, mas tem vários desafios pela frente. Não conseguiu, até agora, que o parlamento votasse uma lei sobre o recrutamento de judeus ultraortodoxos pelo Exército, ao qual se opõem dois partidos religiosos da maioria governamental. A Suprema Corte fixou o prazo de 15 de janeiro para a votação desta lei, cuja aprovação já foi adiada duas vezes.
Netanyahu também corre o risco de ser acusado de corrupção em três casos, após uma recomendação da polícia neste sentido. Ainda que seja acusado, o líder conservador não tem a obrigação legal de renunciar neste momento, apenas se fosse condenado e todas as suas apelações tivessem sido rejeitadas.
Se for reeleito em abril, chegaria a um eventual julgamento com um grande peso político sobre suas costas. "Fizemos muito pelos cidadãos israelenses e continuaremos assim, pelo bem do Estado de Israel", afirmou o premier, ante deputados de seu partido. "Com sua ajuda, venceremos", declarou, durante reunião no Parlamento.
- 9 de abril -
Segundo a imprensa israelense, as eleições deverão acontecer em 9 de abril. A ministra da Justiça, Ayelet Shaled, anunciou que prepara um projeto de lei, que deverá ser votado amanhã, para dissolver o parlamento e fixar a data das eleições.
A coligação opositora União Sionista elogiou o anúncio das eleições. Avi Gabbay, líder do Partido Trabalhista, principal integrante da União, afirmou que as eleições serão disputadas entre Netanyahu e ele. Já a líder opositora Tzipi Livni alertou que "Netanyahu tentará destruir o que resta da democracia israelense, e estaremos aqui para impedi-lo".
Após a polêmica envolvendo a gestão da violência na fronteira da Faixa de Gaza, os rivais de Netanyahu devem tentar derrubar sua condição de "Sr. Segurança", que contribuiu, em grande parte, para a sua popularidade entre o eleitorado.
Eleições antecipadas são comuns em Israel. Nenhum governo conseguiu concluir seu mandato nos últimos 30 anos.
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