Advogado de direitos humanos vai a julgamento na China
Tianjin, China, 26 dez 2018 (AFP) - O julgamento de um advogado chinês especializado em direitos humanos teve início sob forte vigilância e sem a presença dos familiares no tribunal de Tianjin (norte).
Acusado de subversão, Wang Quanzhang, é o último de um grupo de cerca de 200 defensores dos direitos humanos detidos em julho de 2015 e que ainda não haviam sido julgados, ou libertados.
O tribunal impediu o acesso ao público e não anunciou oficialmente a data de sua conclusão.
"Como o caso tem a ver com segredos de Estado, o tribunal decidiu não abrir o julgamento ao público", confirmou a justiça.
A esposa do advogado, Li Wenzu, que raspou a cabeça na semana passada para denunciar a detenção prolongada sem julgamento de seu marido, anunciou na terça-feira que membros das forças de segurança estavam posicionados em frente à sua casa.
O objetivo, segundo ela, era impedi-lo da viajar para Tianjin, uma cidade a mais de 100 km da capital.
Wang, de 42 anos, defendeu militantes políticos, membros da seita proibida Falungong e camponeses que tiveram suas terras confiscadas pelo governo.
Em janeiro de 2016, foi acusado de subversão, um crime punido com prisão perpétua, segundo a organização Anistia Internacional. A ONG denunciou o julgamento como uma "farsa cruel".
"Wang Quanzhang é perseguido por ter defendido pacificamente os direitos humanos", declarou Doriane Lau, da Anistia Internacional, em um comunicado.
No texto, recorda que foi "detido por mais de três anos sem que sua família soubesse até recentemente se ele estava vivo".
Das sete pessoas condenadas em julho de 2015, a que teve uma pena mais dura foi sentenciada em oito anos de prisão.
Em Tianjin, diante dos jornalistas que estavam perto do tribunal, um homem denunciou vigorosamente o julgamento de Wang, antes de ser colocado em um carro por policiais à paisana.
"Eles prenderam um erudito que as pessoas nem conseguem ver. Isso é fascismo", gritou o homem, que disse que se chamava Yang Chunlin antes de ser preso.
"Os chineses não devem mais viver com medo, temos que lutar contra a opressão e mostrar coragem", disse ele.
Yang Chunlin é um militante que foi condenado à prisão em 2008 por ter feito uma petição contra a organização dos Jogos Olímpicos de Pequim no mesmo ano.
Outro manifestante, que carregava um cartaz que dizia "solte o inocente Wang Quanzhang", também foi preso, declarou uma testemunha à AFP.
O regime comunista chinês costuma condenar os opositores políticos no final do ano, época em que a atenção dos países ocidentais é menor.
Estados Unidos e União Europeia expressaram sua preocupação com o advogado, que não pôde escolher seus advogados, nem se reunir com sua família.
Em Hong Kong, onde as manifestações ainda são permitidas, cerca de 50 pessoas se reuniram diante da representação do governo chinês para pedir a libertação de Wang.
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