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Japão e a caça de baleias, uma longa história

26/12/2018 15h13

Tóquio, 26 dez 2018 (AFP) - O Japão anunciou, nesta quarta-feira (26), sua retirada da Comissão Internacional Baleeira (CIB) para retomar a caça comercial de cetáceos.

Confira os principais momentos da longa história do país com as baleias:

Uma tradição que remonta ao século XIIFoi no século XII, segundo a Associação Japonesa da Caça de Baleias, que os pescadores do arquipélago começaram a capturar esses animais marinhos com arpões.

No século XVII, a prática foi organizada na cidade de Taiji (oeste), atualmente conhecida - e muito criticada no exterior - como um porto de caça de golfinhos.

Pós-guerra: fonte de proteínasEm 1906, foi construída uma base para a caça de baleias em Ayukawa (região de Miyagi, nordeste), marcando o início da caça de baleias moderna no arquipélago.

No fim da Segunda Guerra Mundial, houve escassez de alimentos no Japão, e a carne de baleia se tornou uma importante fonte de proteínas.

Em pleno auge da caça, nos anos 1950, cerca de 2.000 baleias chegavam a porto por ano.

Em 1951, o Japão aderiu à CIB, criada em 1946 para conservar e administrar a população mundial de baleias e cetáceos. O Japão se tornou um dos maiores países baleeiros do mundo.

Anos 1980: moratória e pesquisa científicaEm 1986 entrou em vigor uma moratória sobre a caça comercial decidida na CIB, que o Japão assinou. Em 1988, o arquipélago parou de caçar pequenos rorquais e cachalotes nas águas costeiras japonesas.

Mas ao mesmo tempo começou a "pesquisa científica" na Antártica em 1987, que continua ainda hoje, matando os cetáceos e servindo-se de uma cláusula especial da moratória que autoriza a caça com fins científicos.

Condenação da ONU e da Sea ShepherdA partir de 2005, durante suas campanhas de caça na Antártica, os baleeiros japoneses foram assediados pelos navios da organização Sea Shepherd que, no entanto, acabou optando por parar de seguir a frota japonesa após 2017.

Em 2014, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), tribunal das Nações Unidas, ordenou ao Japão que pusesse fim a sua caça regular nas águas da Antártica, rejeitando o argumento da pesquisa científica.

O Japão cancelou sua campanha do inverno de 2014-2015 na Antártica, mas a retomou na temporada seguinte, no âmbito de um novo programa que, segundo o país, responde aos critérios científicos da CIB. A União Europeia e outros 12 países condenaram esta atitude do Japão.

2018, ameaça e anúncio da retirada da CIBEm setembro de 2018, a CIB rejeitou a proposta do Japão de revisar a gestão dos diferentes tipos de pesca dentro da comissão, com o objetivo de retomar a caça de baleias com fins comerciais. A proposta do Japão foi rejeitada por 41 votos contra 27. O governo nipônico ameaçou abandonar a instância internacional.

Em 26 de dezembro, o Japão anunciou sua retirada da CIB e a retomada da caça comercial a partir de julho de 2019.

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