Venezuela: Maduro se diz disposto a convocar eleições legislativas e Guaidó pede mais sanções
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou-se disposto a organizar eleições legislativas antecipadas e a manter um diálogo com a oposição, que deve sair às ruas nesta quarta-feira (30) em resposta a uma convocação do presidente autoproclamado do país, Juan Guadió, que pediu mais sanções à União Europeia.
Em uma entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti, Maduro afirmou ainda que está "disposto a discutir pessoalmente com Donald Trump".
Ao mesmo tempo, o presidente afirmou que não aceita a convocação de eleições presidenciais, que "aconteceram há menos de um ano, há 10 meses".
"Não aceitamos ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos a chantagem. As eleições presidenciais aconteceram na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, que esperem até 2025", completou.
Espanha, França, Alemanha e Reino Unido deram a Maduro um prazo de oito dias, no sábado passado, para a convocação de eleições. Em caso contrário, devem reconhecer Guaidó como "presidente" da Venezuela para que organize novas eleições.
"Estou disposto a comparecer à mesa de negociações com a oposição, para falar, pelo bem da Venezuela, pela paz e pelo futuro", declarou Maduro.
"Seria muito bom organizar eleições legislativas antes, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução através do voto popular", afirmou o presidente venezuelano.
Maduro expressou o reconhecimento ao presidente russo, Vladimir Putin, que apoia o governo venezuelano.
A Venezuela recebe a cada mês armamento russo, "o mais moderno do mundo", como parte dos acordos vigentes, destacou Nicolás Maduro.
'Mais sanções'
Ao mesmo tempo, o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, deu uma entrevista ao jornal alemão Bild, na qual pediu mais sanções da União Europeia (UE) contra o regime de Maduro.
"Estamos em uma ditadura e deve existir pressão", declarou Guaidó.
"Precisamos de mais sanções por parte da União Europeia, como decidiu o governo dos Estados Unidos", declarou o presidente do Parlamento venezuelano, que considera o regime "absolutamente corrupto".
Presidente do Parlamento de maioria opositora, Guaidó pediu aos venezuelanos que saiam às ruas das 12h às 14h (14h a 16h de Brasília), com bandeiras, panelas, ou cartazes.
"A Venezuela se levantou para sonhar com o país que queremos. Devemos estar nas ruas, precisamos de todos para conquistar nossa democracia", afirmou o opositor de 35 anos ao convocar a manifestação.
Embora a cúpula militar tenha classificado de "engano", Guaidó insistirá durante o dia na oferta de anistia aos militares que colaborarem com uma transição, em uma tentativa de romper a principal base de apoio de Maduro, as Forças Armadas.
O líder parlamentar, com um crescente apoio internacional liderado pelos Estados Unidos, também convocou a manifestação como forma de apoio à entrada de ajuda humanitária no país. O governo considera esse gesto como uma porta para uma intervenção militar americana.
Washington afirmou que tem 20 milhões de dólares prontos para repassar, em alimentos e remédios. A escassez de produtos de primeira necessidade afeta os venezuelanos e provocou a disparada da migração, calculada em 2,3 milhões de pessoas desde 2015, segundo a ONU.
Maduro atribui o desabastecimento a sanções dos Estados Unidos.
Os temores de atos violentos ressurgem a cada protesto. Distúrbios que explodiram em 21 de janeiro deixaram quase 40 mortos e mais de 850 detidos.
Duas ondas de protestos contra Maduro, em 2014 e 2017, terminaram com quase 170 mortos.
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