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Militar e pais adotivos são condenados por roubar criança na ditadura argentina

07/03/2019 17h58

Buenos Aires, 7 Mar 2019 (AFP) - A justiça da Argentina condenou nesta quinta-feira (7) a dez anos de prisão um ex-agente de Inteligência do Exército por roubar durante a última ditadura argentina (1976-1983) uma criança, filha de desaparecidos. O tribunal também definiu uma pena de três anos detenção para o casal que criou a menor.

O militar reformado Héctor Carabajal foi sentenciado por retirar dos pais Claudia Domínguez Castro, que recuperou sua identidade em 2015, aos 37 anos, quando soube que era filha de Gladys Castro e Walter Domínguez, dois militantes comunistas da província de Mendoza.

A ação, movida pela organização Avós da Praça de Maio, pedia 15 anos de prisão para Carabajal e seis anos para Julio Bozzo e Antonia Reitano, casal que recebeu a criança e a registrou como filha.

Gladys e Walter foram sequestrados quando estavam em casa por um grupo da cidade de Godoy Cruz (em Mendoza), no dia 9 de dezembro de 1977. Na época, Gladys estava grávida de 6 meses, e a criança veio a nascer na prisão em março de 1978, segundo um comunicado da Avós da Praça de Maio, organização de direitos humanos que tem como objetivo localizar crianças desaparecidas durante a ditadura.

Carabajal, que trabalhava no Destacamento de Inteligência 144 do Exército, pegou a recém-nascida e a entregou a Bozzo e Reitano.

"Finalmente, após 41 anos deste crime, Claudia e sua família conheceram a justiça", destacou a organização, que lamentou a sentença dada ao casal, três anos de liberdade condicional.

"Ambos foram declarados culpados pela apropriação de Claudia, mas sem pena efetiva. Devemos voltar a mais de 20 anos para encontrar uma sentença tão branda para um delito tão grave", advertiu as Avós da Praça de Maio.

A entidade estima que cerca de 500 bebês foram roubados durante a ditadura, sendo que, até 2018, 128 foram encontrados e recuperaram sua identidade.

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