Franco será exumado de seu mausoléu e levado para outro local em junho
Madri, 15 Mar 2019 (AFP) - Os restos mortais do ditador espanhol Francisco Franco serão exumados do mausoléu onde repousam desde 1975 e sepultados no dia 10 de junho perto de um cemitério da região de Madri, anunciou nesta sexta-feira a vice-presidente do governo, Carmen Calvo.
"O enterro dos restos mortais de Franco acontecerá no dia 10 de junho pela manhã, e o local para onde irão será o panteão de Mingorrubio-El Pardo, que é estatal e fica nas proximidades de Madri", afirmou a política socialista.
"O local reúne as condições idôneas de segurança e adequação para receber com decoro e com respeito os restos mortais".
No mesmo panteão está Carmen Polo, a esposa do general que, depois de vencer a Guerra Civil de 1936-1939, governou a Espanha até 1975, indicou Carmen Calvo.
O governo informou que a exumação acontecerá no mesmo dia.
A operação, no entanto, enfrenta obstáculos.
O primeiro é que acontecerá após as eleições legislativas de 28 de abril, que pode resultar na formação de um governo conservador e relutante à medida. Carmen Calvo explicou que o gabinete do momento "tem que fazer", obrigado pelas medidas adotadas até agora.
O outro obstáculo é o recurso apresentado pelos netos do ditador ao Tribunal Supremo, que poderia provocar a suspensão cautelar da exumação.
Desde sua morte em novembro de 1975, o caixão de Franco está no Vale dos Caídos, um imponente mausoléu a 50 km de Madri, que por decisão do ditador foi construído por milhares de presos políticos nos anos 40 e 50 do século passado.
No templo católico, dominado por uma imponente cruz de 150 metros, também estão os restos mortais de quase 27.000 combatentes leais a Franco e das vítimas de seu regime, quase 10.000 republicanos retirados de fossas comuns e cemitérios e levados para o local sem aviso prévio às famílias.
O túmulo do general galego, acessível ao público e reverenciado por seus nostálgicos, fica no altar da basílica, sempre coberto com flores, uma "tumba de Estado" e de "exaltação" que para o governo socialista é inaceitável.
A iniciativa de retirar Franco do Vale dos Caídos foi anunciada em junho pelo presidente do governo Pedro Sánchez, poucos dias depois de chegar ao poder.
A ideia inicial era concluir a operação em julho, mas esbarrou nos sucessivos recursos dos netos do ditador.
Ao mesmo tempo que o governo prosseguia com os passos legai para adotar a medida, os descendentes do ditador foram contrários inicialmente ao plano de exumação. Depois solicitaram o novo sepultamento na Catedral de Almudena, em pleno centro de Madri, um local muito visitado e descartado pelo governo, que deseja um lugar discreto.
avl-du/pmr/ra/fp
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