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Deputados britânicos tentam encontrar alternativa para o Brexit de May

A primeira-ministra britânica Theresa May - EMMANUEL DUNAND/AFP
A primeira-ministra britânica Theresa May Imagem: EMMANUEL DUNAND/AFP

01/04/2019 15h02

Os deputados britânicos tentarão encontrar nesta segunda-feira (1) uma alternativa ao acordo do Brexit negociado pela primeira-ministra Theresa May, e podem fazer pender a balança em favor de um divórcio "mais suave" com a União Europeia (UE).

Membros da Câmara dos Comuns já tentaram assumir o controle do processo Brexit na semana passada, votando oito opções. Nenhum obteve a maioria dos votos, por isso os deputados votaram nesta segunda as quatro opções selecionadas pelo presidente da Câmara, John Bercow, entre mais populares.

São elas: deixar o bloco, mas permanecer em união aduaneira com a UE, manter também o país dentro do mercado único europeu, organizar um segundo referendo ou simplesmente revogar todo o processo, se não for alcançado um acordo.

O objetivo é sair do atual impasse no processo, apesar de ter passado a data inicialmente prevista para o divórcio - 29 de março de 2019 - e menos de duas semanas antes do novo limite imposto por Bruxelas para encontrar uma solução, 12 de abril.

"O objetivo deste exercício (...) é tentar identificar se existe um consenso potencial entre os deputados sobre uma forma de abordar a saída e a futura relação com a União Europeia", enfatizou Bercow ao anunciar as propostas de votação.

Espetáculo lamentável

O voto dos deputados tem valor apenas indicativo e May já alertou que se oporia a qualquer resultado que aponte para um mercado único ou a uma união aduaneira europeia porque isso impediria Londres de realizar uma política comercial autônoma depois do Brexit.

Três anos depois que 52% dos eleitores decidiram em um referendo deixar a UE, o Reino Unido deveria deixar o clube da comunidade na sexta, dia 29 de março, mas o Brexit foi adiado devido à falta de apoio parlamentar para o acordo de saída negociado em Bruxelas.

O conselho de ministros se reunirá nesta terça-feira para discutir o resultado dessa votação para decidir se acredita que seja possível convocar na quarta ou quinta-feira uma nova votação do impopular acordo negociado com Bruxelas, que os parlamentares já rejeitaram três vezes: na sexta-feira passada, em 12 de março e em 15 de janeiro.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou no domingo que a União Europeia tem "muita paciência" com os britânicos em relação à questão do Brexit, mas que ela está se "esgotando".

"Tivemos muita paciência com nossos amigos britânicos, mas a paciência está se esgotando. Eu gostaria que dentro de algumas horas ou de alguns dias o Reino Unido chegue a um acordo sobre os passos a seguir", declarou Juncker durante uma transmissão na rede pública italiana Rai 1.

"Até agora sabemos para o que o Parlamento britânico diz não, mas não sabemos para o que diz sim", acrescentou.

Sobre a possibilidade de um novo referendo, Juncker considerou que essa questão "diz respeito exclusivamente aos britânicos [...] Devem decidir quais instrumentos empregarão para terminar este processo".

Aos eurodeputados, May assegurou na sexta-feira que continuará a "advogar por um Brexit ordenado", mas também reconheceu a necessidade de chegar a um acordo sobre um "caminho alternativo".

Segundo vários jornais britânicos, Downing Street planeja propor aos deputados uma única escolha: ou votam o acordo de May, ou um projeto alternativo que angariar o apoio dos deputados na segunda-feira e que favoreceria uma Brexit mais suave que o texto atual.

A chefe de Governo espera convencer os eurocéticos de seu partido conservador de votar pelo acordo de retirada, que eles rejeitam até agora porque consideram que não corta os laços suficientes com a UE.

Sem um acordo aprovado pelo Parlamento, um "no deal" (saída sem acordo) em 12 de abril, suposição que preocupa os meios econômicas, continua a ser o cenário mais provável, advertiu May.

Para evitar a saída abrupta, May poderá se resignar a pedir um novo adiamento, de duração mais longa, mas que a forçaria a organizar eleições europeias no final de maio.

Uma cúpula europeia especial foi convocada em 10 de abril.

De acordo com o tabloide The Sun, 170 deputados conservadores, incluindo uma dúzia de ministros, escreveram à chefe de governo para exigir que o Reino Unido saia rapidamente da UE e não participe nas eleições europeias em maio.