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Gantz, um general linha dura desafia Netanyahu na arena política

06/04/2019 12h05

Jerusalém, 6 Abr 2019 (AFP) - O general Benny Gantz, um ex-chefe do Estado-Maior israelense, se colocou em apenas algumas semanas como o único nome capaz de tirar o lugar do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com uma imagem de tipo duro e um programa impreciso.

Antes de se lançar à batalha eleitoral em dezembro, o ex-paraquedista de 59 anos era novato em política.

Há meses se especulava se ele seria um adversário perigoso para Netanyahu pela aura de prestígio que cerca sua trajetória e seu papel como chefe militar.

Atualmente, a lista de centro-direita "Azul-Branco" (as cores da bandeira nacional) lidera as pesquisas ou aparece empatada com o Likud de "Bibi" Netanyahu.

"Nos dias em que eu dirigia a unidade de combate Shaldag em operações em território inimigo arriscando nossas vidas, você, Benjanim Netanyahu, passava com coragem e determinação de uma sessão de maquiagem para outra para aparecer na televisão", afirmou, em fevereiro, ante seus simpatizantes.

Gantz propõe aos israelenses mão forte para defender o país, uma visão liberal sobre questões sociais e religiosas e, acima de tudo, uma alternância a Netanyahu.

"Israel deve escolher: Bibi antes de tudo ou Israel antes de tudo", resumiu.

O general promete unidade após anos de divisões e "tolerância zero" contra os corruptos no momento em que Netanyahu enfrenta uma possível acusação de corrupção.

Gantz espera obter os votos dos eleitores do centro e uma parte da coalizão de direita de Netanyahu para se tornar o terceiro ex-comandante do Estado-Maior de Israel a chegar à chefia do governo, depois de Yitzhak Rabin e Ehud Barak.

- "Supermercado" -Seus oponentes criticam um programa que descrevem como "supermercado", no qual tudo é encontrado.

Gantz nasceu em 9 de junho de 1959 no sul de Israel, na aldeia de Kfar Ahim, fundada com a contribuição de seus pais, imigrantes que sobreviveram ao Holocausto.

"De muitas maneiras minha vida começou antes de eu nascer, começou quando minha mãe Malka deixou o campo de concentração de Bergen-Belsen", comentou ele em fevereiro, em Munique, durante uma conferência de segurança.

"Eu digo aqui em Munique: o povo judeu e o Estado judeu nunca deixarão seu destino nas mãos de outros. Nós protegeremos e garantiremos o futuro de nosso povo".

Ele se alistou no exército como recruta em 1977, passou nos testes de seleção dos para-quedistas e subiu postos.

Dirigiu a Shaldag, unidade de operações especiais da aviação, depois comandou uma brigada e finalmente de uma divisão na Cisjordânia ocupada.

Ele foi adido militar de Israel nos Estados Unidos de 2005 a 2009 e chefe do Estado-Maior de 2011 a 2015. Liderou duas guerras na Faixa de Gaza.

Em um de seus vídeos, ele se vangloria do número de "terroristas" palestinos mortos durante a campanha de 2014 em Gaza, sem mencionar as vítimas civis, e em outro diz que não tem vergonha de buscar a paz com os árabes.

A plataforma "Azul-Branco" defende a separação entre israelenses e palestinos, mas não menciona a chamada solução de dois Estados.

Sobre esta questão, o estatuto de Jerusalém, a anexação de parte do Golã ou a política em relação ao Irã, é difícil estabelecer diferenças entre o programa de Gantz e o ponto de vista de Netanyahu.

Os oponentes de Gantz criticam sua inexperiência política e acreditam que, como oficial supremo, ele era indeciso e relutava em assumir riscos.

Eles também o culpam pelo que consideram falta de preparação na guerra de 2014 em Gaza.

Gantz é formado em História pela Universidade de Tel Aviv, tem mestrado em Ciências Políticas pela Universidade de Haifa e mestrado em Gestão de Recursos Nacionais pela Universidade Nacional de Defesa dos Estados Unidos.

Ele é casado e pai de quatro filhos.

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