Beluga 'de coleira' aparece na Noruega e desperta a imaginação
Oslo, 3 Mai 2019 (AFP) - Seria um "espião" da Marinha russa ou um fugitivo de um parque aquático? A presença de uma beluga, uma pequena baleia branca que vive em águas frias, alimenta a imaginação das pessoas desde que apareceu no extremo norte da Noruega.
O cetáceo, que tem ao redor do corpo uma espécie de coleira na qual é possível encaixar uma câmera, foi detectado no final de abril por barcos de pesca noruegueses perto de Hammerfest, uma das cidades mais ao norte do mundo, às portas do Ártico.
Em um vídeo, registrado por agentes da Diretoria de Pesca norueguesa, que inspecionavam a região, dá a clara impressão que o animal, aparentemente dócil, está acostumado à companhia humana.
Parece inclusive que se fixou na região, como se não desse conta de sua liberdade.
A beluga "dava voltas ao redor de nosso barco esta manhã. É incrível. Seguiu o veleiro até Hammerfest", disse nesta quinta-feira à AFP Jørgen Ree Wiig, inspetor deste órgão norueguês.
Os especialistas afirmam que este tipo de comportamento é típico de animais adestrados em cativeiro.
Para corroborar com esta questão, na "coleira" presa no animal é possível ler numa inscrição em inglês e em alfabeto latino, "Equipment St-Petersburg". A algumas centenas de quilômetros do local onde o animal foi avistado, há uma base da Frota Norte da marinha russa, localizada em Kola.
"Creio que a baleia veio de Murmansk, onde se sabe que a Marinha russa adestrou belugas para operações militares", conta Jørgen Ree Wiig, biólogo marinho.
O mar de Barents, cenário de rivalidades durante a Guerra Fria, segue sendo um território estratégico onde os ocidentais e os russos espionam todo movimento submarino. É também a porta de entrada para a rota do Norte, que permite reduzir o tempo de travessia entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
- 'Não é suspeita' -O serviço secreto da Noruega (PST), país membro da Otan, confirmou nesta sexta-feira para a AFP que conseguiu retirar a coleira do animal.
"Analisar equipamentos técnicos colocados numa baleia não faz parte das atividades de rotina do PST. Não sabemos se podemos chegar a alguma conclusão", disse o porta-voz da instituição, Martin Bernsen. "A baleia não é um elemento suspeito em nossa investigação", acrescentou.
As autoridades russas não reagiram oficialmente, mas um oficial citado pela imprensa descartou essa hipótese, assegurando que os militares não teriam sido tão "estúpidos como para deixar seu número de telefone" num animal adestrado para espionagem.
Segundo Dimitri Glazov, do Instituto Severtsov para a ecologia e a evolução da Academia russa de ciências, "um instituto de São Petersburgo trabalha com os militares para estudar os animais com objetivos operacionais" e realiza testes no mar Negro e em Murmansk.
"Sabemos que os militares possuem este tipo de animal. Eles foram usados nos Jogos Olímpicos de Sochi", acrescentou o pesquisador, citado pela agência Interfax.
Mas não há nada que indique que utilizam as belugas para missões de reconhecimento de navios, portos ou costas estrangeiras.
Também há agentes de turismo na região de Murmansk que trabalham com passeios de observação de barco ou em pequenos submarinos em meio às belugas. A AFP não conseguiu fazer contato com essas empresas.
Outra hipótese é que o "Equipamento de São Petersburg" inscrito na "coleira" se refere à cidade de mesmo nome na Flórida (Estados Unidos), onde há vários parques aquáticos com mamíferos marinhos, como por exemplo, o famoso SeaWorld de Orlando.
"Não é impossível", disse Jørgen Ree Wiig.
Essa hipótese ganha mais força quando vídeos gravados por moradores da região mostram a beluga interagindo com as pessoas, devolvendo aros plástico jogados para ela.
Este caso lembra o que aconteceu com Keiko, a célebre orca do filme "Free Willy", que, assim que foi liberada na natureza, se refugiou nas águas da Noruega, um dos poucos países do mundo onde é permitida a caça à baleia.
Até agora, nenhum parque aquático anunciou a fuga de alguma beluga.
A beluga, que pode alcançar os 6 metros comprimento e vive entre 40 e 60 anos, habita geralmente as águas geladas ao redor da Groenlândia e ao norte da Noruega e da Rússia.
É uma espécie sociável parente do golfinho, vive em grupo e é raro ser observada sozinha.
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