EUA vetam e impedem sozinhos resolução na ONU que pede cessar-fogo em Gaza
Depois de uma comissão da ONU alertar que os crimes em Gaza podem ser considerados como "genocídio", o governo dos EUA vetou nesta quarta-feira uma resolução no Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo na guerra.
A votação terminou com 14 apoios e apenas uma rejeição, no caso do governo de Joe Biden. Para que uma resolução seja aprovada, o Conselho precisa contar com o voto de todos os cinco membros permanentes do órgão. Não se trata do primeiro veto americano na questão palestina. Em outubro de 2023, o governo Biden foi o único a rejeitar a proposta, na época liderada pelo Brasil.
No caso da resolução submetida nesta quarta-feira, até mesmo aliados dos americanos optaram por apoiar, entre eles o Reino Unido e França.
O texto pedia um"cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" e exigia separadamente a libertação dos reféns.
O governo Biden havia colocado uma condição para apoiar o texto: a resolução deveria citar explicitamente a libertação imediata dos reféns como parte de um cessar-fogo.
"Como já dissemos várias vezes, não podemos apoiar um cessar-fogo incondicional que não exija a libertação imediata dos reféns", disse a autoridade americana.
O governo Biden argumenta que é o Hamas quem não quer um cessar-fogo.
Para o governo da Argélia, que faz parte do Conselho, o veto americano manda uma mensagem aos israelenses: "podem continuar com o genocídio". Já a China alertou que a operação de Benjamin Netanyahu não tem relação alguma com a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde outubro de 2023.
A Eslovênia, que também faz parte dos autores da proposta, insistiu que era "hora de um cessar-fogo incondicional".
O governo britânico chegou a apresentar um texto alternativo, na esperança de convencer o Conselho a se aproximar às exigências da Casa Branca. Mas a proposta não prosperou.
Com mais de 43 mil mortos, a situação em Gaza é considerada pela ONU como uma demonstração da incapacidade de o órgão internacional de dar uma resposta à crise.
Segundo a ONU, os palestinos estão "enfrentando condições cada vez menores de sobrevivência" em partes do norte de Gaza cercadas pelas forças israelenses porque praticamente nenhuma ajuda foi entregue em 40.
A ONU disse que todas as suas tentativas de apoiar as cerca de 65.000 a 75.000 pessoas em Beit Hanoun, Beit Lahia e Jabalia neste mês foram negadas ou impedidas, forçando o fechamento de padarias e cozinhas.
No início deste mês, uma avaliação apoiada pela ONU disse que havia uma forte probabilidade de que a fome fosse iminente em áreas do norte de Gaza.
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