Lula e Xi reforçam discurso de Sul Global, pregam paz e ajuda à Palestina
O presidente Lula (PT) e o presidente chinês, Xi Jinping, reforçaram o discurso de aliança do Sul Global em encontro realizado hoje no Palácio da Alvorada. Lula falou em priorizar o diálogo diante dos conflitos mundiais, enquanto Xi mencionou a necessidade de ajuda à Palestina na guerra contra Israel.
O que aconteceu
Os dois assinaram 37 acordos bilaterais. Segundo o Planalto, são aberturas de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional e cooperação tecnológica para áreas como infraestrutura, indústria, energia, mineração e tecnologia.
Lula reforçou que a relação entre os dois países é antiga e fez uma referência ao chamado Sul Global. "Esta visita de Estado reforça a ambição e renova o pioneirismo do nosso relacionamento", declarou o presidente.
Xi disse que a relação entre os dois países está em seu "melhor momento da história". "Penso em como estabelecer exemplo de união e estabelecimento para os países do Sul Global e dar nova contribuição ao aumento de representação e voto na governança global dos países em desenvolvimento", afirmou o presidente chinês.
Paz e ajuda à Palestina
Discurso pela paz dos dois presidentes. O Brasil tem apoiado internacionalmente a proposta de mediação da China para a Guerra da Ucrânia, lembrada por Xi em seu discurso.
Presidente chinês também pregou ajuda do Sul Global à Palestina. "Para resolver a crise atual, é preciso focar na Palestina. Apelamos para o cessar-fogo imediato, existência de ajuda humanitária garantida e Implementação da solução de dois Estados", disse Xi.
Brasil reconhece tradicionalmente o Estado Palestino. Lula tem sido uma das vozes mais ativas contra as ações israelenses no Oriente Médio e chegou a ser declarado persona non grata pelo presidente Benjamin Netanyahu.
A fala de Xi também tem seu propósito: Israel é financeira e militarmente ajudada pelos Estados Unidos, o que só deve aumentar sob Donald Trump.
Em um mundo assolado por conflitos e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar.
Lula
Reforço ao Sul Global
O reforço ao Sul Global não é por acaso. Lula tem sido um parceiro da China no incentivo ao comércio e às relações diplomáticas entre os chamados países em desenvolvimento, em ações que muitas vezes não agrada a potências globais.
A situação fica mais evidente com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. O republicano tem como norte uma forte política protecionista e anti-China —e cobra anuência disso a seus parceiros comerciais.
O Brasil repete que manterá boas relações com ambos, mas o Itamaraty diz entender a delicadeza da situação. Sem que o encontro fosse marcado com as eleições americanas como horizonte, membros do governo brasileiro dizem que esta não deixa de ser, sim, uma boa oportunidade para mostrar que o laço Brasil-China segue forte.
Trump também promete embargos a quem boicotar o dólar, o que está no horizonte do Brics. Com a ex-presidente Dilma Rousseff à frente do banco do bloco, o Brasil é um dos países que lideram a iniciativa de comercializar com moedas locais em vez de usar a norte-americana, um negócio que também favorece a China. Reforçar essa iniciativa deverá ser outra das pautas do encontro.
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Quero receberOs acordos entre Brasil e China
Foram assinados investimentos ligados à Rota da Seda. Como esperado, o Brasil não aderiu formalmente ao plano, por divergências internas, mas assinou tratados que ligam o projeto de expansão chinês ao PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento).
Ontem (19), o governo já assinou com grupo chinês que oferece internet igual à da Starlink. A tecnologia da SpaceSail, baseada em um sistema de satélites de órbita baixa da Terra (LEO, na sigla em inglês), é similar ao que, em mesma escala e número de satélites, atualmente é oferecida pela Starlink, do empresário Elon Musk, e pela francesa E-Space. A operação da chinesa ainda não foi iniciada, sendo prevista para 2026.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Só de janeiro a outubro de 2024, foram exportados US$ 83,4 bilhões em bens e importados US$ 52,9 bilhões, um negócio total de US$ 136,3 bilhões, com superávit de US$ 30,5 bilhões para o Brasil.
No Brasil desde o início da semana, Xi chegou à capital federal na tarde desta terça (19), direto do G20. Com Lula ainda no Rio, ele foi recebido pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na base aérea de Brasília.
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