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Entre a economia e o muro, conquistas e fracassos do primeiro mandato de Trump

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Carlos Barria/Reuters
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump Imagem: Carlos Barria/Reuters

17/06/2019 15h56

"Promessas feitas, promessas cumpridas", diz um dos principais slogans da campanha para sua reeleição como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Confira abaixo êxitos e fracassos, comparando suas conquistas com suas promessas, de seu tumultuado mandato:

Êxitos

Economia:

A economia será a melhor vitrine de Trump.

O PIB cresceu em ritmo anual de 3,1% no primeiro trimestre de 2019, e é preciso voltar uma década para ver a última recessão. O desemprego caiu 3,6%, a taxa mais baixa em meio século.

A afirmação de Trump de que a economia americana é "a melhor" de seu historio é, contudo, exagerada.

Economistas veem riscos nesse crescimento, como o crescimento vertiginoso da dívida do governo e na reação que as políticas comerciais agressivas de Trump poderão ter, especialmente com a China.

Justiça:

Trump cumpriu sua promessa de nomear um grande número de juízes federais conservadores.

Principalmente, o presidente usou a maioria republicana no Senado para colocar os juízes conservadores Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh na Suprema Corte, o que provavelmente inclinará por décadas o órgão encarregado de velar pelo cumprimento da Constituição.

Política externa:

Trump cumpriu sua palavra de dar uma guinada de 180 graus na política externa.

É questionável se os Estados Unidos são agora "respeitados" em todo mundo, como o presidente costuma repetir, mas o nível de tensão não é.

Trump tirou seu país da Parceria Transpacífico (TPP). Também deixou o acordo internacional com o Irã para permitir controles sobre seu programa nuclear.

Para consternação de cientistas do mundo todo, Trump pôs fim aos compromissos firmados pelos Estados Unidos no histórico Acordo de Paris para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Também cumpriu suas ameaças de negociar com mão de ferro com a China em matéria de comércio; de exigir mais contribuições financeiras de seus aliados da Otan; e de renegociar o Nafta, o acordo comercial com seus vizinhos México e Canadá, agora UMSCA.

Seu governo tentou, embora sem sucesso até o momento, convencer a Coreia do Norte a abandonar as armas nucleares.

Em outra decisão diplomática, Trump pôs fim a décadas de "status quo" ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Fracassos

Saúde:

Trump fracassou em uma de suas principais promessas: revogar a lei de saúde de seu antecessor, Barack Obama, conhecida como Obamacare.

Criticada pela direita e popular entre os cidadãos, a reforma busca dar cobertura de saúde pública a milhões de americanos.

Mais importante do que isso, os republicanos não conseguiram apresentar um plano alternativo.

Muro com México:

Outra das principais promessas de Trump foi erguer um muro na fronteira entre Estados Unidos e México para conter "a invasão de migrantes", como o presidente gosta de dizer, e obrigar o país vizinho a pagar as obras. Nada disso aconteceu.

O presidente recorreu ao "shutdown" mais longo da história dos Estados Unidos para tentar conseguir financiamento público para construir os trechos de muro prometidos. Depois de 35 dias, porém, pôs fim à paralisia parcial, aceitando apenas 1,7 bilhão dos 5,7 bilhões de dólares que exigia para cumprir sua promessa.

Este mês, voltou a reforçar a ameaça comercial para pressionar o México para que detenha o fluxo migratório de centro-americanos que querem chegar aos Estados Unidos.

Eleições de meio mandato:

Apesar de seu nome não ter estado nas cédulas que os americanos depositaram nas eleições de meio mandato de novembro passado, a votação foi vista como um referendo sobre Trump, que se envolveu com afinco na campanha, apesar do fraco êxito. Os republicanos receberam um duro golpe.

Embora o partido do presidente tenha conseguido ampliar sua maioria no Senado, perdeu a Câmara de Representantes. Isso revela que os democratas têm, enfim, uma forma significativa de se opor a Trump, inclusive mediante o uso de comitês de investigação.