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Começa na França julgamento de suspeitas de ataque frustrado perto da Notre-Dame

23/09/2019 11h42

Paris, 23 Set 2019 (AFP) - Suspeitas de realizarem um ataque frustrado perto da catedral de Notre-Dame de Paris há três anos, guiadas por um propagandista do grupo Estado Islâmico (EI), cinco supostas extremistas começaram a ser julgadas na capital francesa nesta segunda-feira (23).

O caso revelou o papel ativo das mulheres na Jihad, dispostas a cometer um ataque na França por não terem viajado para a Síria, ou para o Iraque.

É a primeira vez que cinco mulheres são julgadas em um tribunal criminal na França, no âmbito de um caso de terrorismo islâmico.

Com idades entre 22 e 42 anos atualmente, as cinco réus são suspeitas de terem planejado ataques em 2016, seguindo as ordens de Rachid Kassim, que também será julgado à revelia.

Nesse mesmo ano, Kassim também inspirou, provavelmente do Iraque, ou da Síria, o assassinato de um policial e de sua esposa em Magnanville (região de Paris), assim como de um padre em Saint-Etienne-du-Rouvray, na Normandia.

Na madrugada de 4 de setembro de 2016, depois de enviarem um vídeo para Rachid Kassim, duas das acusadas, Ines Madani e Ornella Gilligmann, pararam em frente a restaurantes perto da catedral de Notre-Dame em um veículo carregado com seis cilindros de gás.

Depois de molhar o veículo com diesel, jogaram um cigarro aceso. Não conseguiram fazer o carro explodir, porém, porque o diesel é pouco inflamável.

Segundo os instrutores do caso, "apenas a má escolha do combustível [...] fez sua tentativa falhar". Este modus operandi "previa uma carnificina", acrescentou.

O então promotor de Paris, François Molins, referiu-se a um "comando terrorista composto por jovens mulheres totalmente receptivas à ideologia mortal do Daesh", acrônimo para o Estado Islâmico em árabe.

- "Me matem!" -Mãe de três filhos, Ornella Gilligmann, foi presa em 6 de setembro no sul da França quando tentava fugir, enquanto Inès Madani, seguindo o conselho de Rachid Kassim, refugiou-se na casa de outra mulher, Amel Sakou.

Pouco depois, juntou-se a elas Sarah Hervouët, também guiada pelo jihadista por meio de um aplicativo de mensagens criptografado. Ela foi a "prometida" do autor do ataque a Magnanville e, depois, a de um dos agressores de Saint-Etienne-du-Rouvray.

Em 8 de setembro, e cientes de que estavam cercadas pela polícia, as três mulheres deixaram o apartamento, armadas com facas de cozinha.

No estacionamento, Sarah Hervouët esfaqueou um policial, enquanto Inès Madani foi ferida na perna pelo tiro de outro agente.

Inès Madani, de 22 anos, será julgada por "tentativa de assassinato contra uma pessoa com autoridade pública", embora tenha negado que desejasse atacar o policial. Aparentemente, gritou "me matem!" para morrer como mártir.

Madani, que pode ser sentenciada à prisão perpétua, é mentora das "irmãs" da jihad. Ela incentivou mulheres a ingressarem no EI, usando pseudônimos de combatentes nas redes sociais. Quando falava ao telefone, alterava sua voz para se passar por um homem.

Assim, aparentemente, Ornella Guilligmann descobriu apenas depois do ataque fracassado que o jihadista por quem se apaixonara na Internet, Abu Junayd, era na verdade Inès Madani.

O julgamento, realizado em um tribunal criminal especial, deve durar, em princípio, até 11 de outubro.

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