Contaminação em praias do Nordeste é 'desastre sem precedentes', diz especialista
Manchas de óleo que poluíram mais de 130 praias ao longo de 2.000 quilômetros do nordeste do Brasil são um desastre "sem precedentes" no país, diz Maria Christina Araujo, oceanógrafa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Desde o início de setembro, grandes manchas de óleo de origem desconhecida apareceram nas praias paradisíacas desta região que depende muito do turismo, sem que as autoridades tenham identificado a origem até o momento.
Como se pode explicar uma contaminação dessa magnitude?
Maria Christina Araujo: A princípio, se achava que era um despejo ilegal em alto mar, mas, tendo em vista a quantidade de petróleo, essa possibilidade está praticamente descartada. O que parece mais provável é que se trate de um derramamento acidental.
Só temos temos certeza de uma coisa: o petróleo não é de origem brasileira. É possível identificar a origem do petróleo produzido em qualquer parte do mundo por meio de uma análise química.
Estão analisando imagens de satélite para tentar identificar as manchas de petróleo. Essa informação deve ser contrastada com a trajetória dos barcos. Mas por enquanto, temos mais perguntas do que respostas. Nunca vimos no Brasil um desastre dessa magnitude, afetando uma área tão extensa.
Que medidas devem ser tomadas de forma emergencial?
MCA: É uma situação extremamente complicada, precisamente pelo tamanho das áreas afetadas, entre elas várias que estão praticamente desertas e são de difícil acesso.
Primeiro, é preciso retirar as manchas (de sedimentos de petróleo) das praias. É um processo muito longo e custoso, que requererá um investimento não apenas financeiro, como também em mão de obra e logística. É impossível obter resultados no curto prazo e não podemos prever por enquanto quando tudo ficará limpo, porque detectamos a presença de novas manchas.
Quais são as principais consequências para o meio ambiente?
MCA: O ecossistema costeiro do nordeste do Brasil é muito frágil, com manguezais, enseadas rochosas e recifes de coral. No manguezal, um ambiente com biodiversidade excepcional, é praticamente impossível eliminar o petróleo. O dano pode ser irreparável e os ecossistemas levarão anos para se recuperar.
Também é um problema grave para a fauna, especialmente para as tartarugas, que não podem sair para a superfície. O impacto econômico e social é considerável, porque o nordeste depende muito do turismo e já pudemos constatar que os turistas já não querem ir às praias.
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