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Chile decreta estado de emergência após protestos em Santiago

Santiago, Chile

19/10/2019 00h59

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, decretou na noite desta sexta-feira estado de emergência em Santiago, após a capital ser sacudida por violentos protestos contra a elevação das tarifas do metrô, que incluíram ataques a várias estações do serviço de transporte metropolitano, saques e incêndios.

"Decretei o estado de emergência (...) e para sua aplicação designei o general de divisão Javier Iturriaga del Campo como chefe da defesa nacional, como determina a legislação", declarou Piñera em mensagem à Nação.

Santiago foi palco de violentos protestos após a convocação de uma série "evasões em massa" no metrô contra o aumento de 800 para 830 pesos na passagem no horário de pico.

A manifestação, a princípio pacífica, degenerou em protestos violentos que prosseguiram pela noite, com ataques incendiários contra um prédio da companhia de eletricidade Enel e outro do Banco do Chile, e a várias estações do metrô.

O incêndio no edifício da Enel, controlado parcialmente após uma hora, começou no setor das escadas externas, e depois se propagou para os escritórios superiores.

A Enel - questionada pela alta nas tarifas de eletricidade - informou que por volta das 22 h "um grupo de desconhecidos atacou as dependências do prédio", mas todo o pessoal que trabalhava no local conseguiu sair ileso.

Próximo ao prédio incendiado, um supermercado foi atacado e saqueado, revelou a TV local.

Várias estações do metrô também foram incendiadas com coquetéis molotov.

A empresa informou que a totalidade do metrô da capital, que transporta cerca de três milhões de passageiros por dia, deixou de operar após os ataques.

"Toda a rede de metrô se encontra fechada por distúrbios e destroços que impedem contar com as condições mínimas de segurança para passageiros e trabalhadores", anunciou a ferroviária metropolitana por meio de uma mensagem no Twitter.

Recrutados nas redes sociais sob o lema #EvasionMasivaTodoElDia, milhares de pessoas - principalmente estudantes - se organizaram ao longo desta semana para derrubar os portões das estações, destruir as catracas e passar pelos controles de acesso para protestar pelo aumento das passagens (3,75%) nos horários de pico.

O fechamento forçou os usuários do metrô a subirem à superfície, sobrecarregando o sistema de ônibus da cidade e tendo que caminhar pelas ruas para suas casas, evitando conflitos entre a polícia e os manifestantes.

Na estação de La Moneda, em frente à sede do governo, dezenas de manifestantes - na maioria jovens - depredaram instalações no início da tarde. A polícia respondeu com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo.

Horas mais tarde, os protestos aumentaram, geraram incidentes maiores, com manifestantes atirando paus e pedras em direção às forças policiais, que reagiram com o uso de carros de choque. A sede do governo foi cercada por um perímetro de segurança.

Na quinta-feira, os protestos deixaram 133 presos após ações simultâneas em pelo menos cinco das 164 estações da ferroviária metropolitana, com danos calculados pela empresa estatal entre 400 e 500 milhões de pesos, o equivalente a cerca de 634.000 dólares.

Com base no aumento do preço do petróleo, no dólar e na modernização do sistema, o valor do bilhete do metrô de Santiago nos horários de pico - de manhã e à tarde - subiu para de 830 pesos (cerca de US$ 1,17). Desde 2010, não havia um aumento dessa proporção.

O aumento não afetou o valor das passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos nas tarifas decretadas em janeiro passado.