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Yvette Lundy, integrante da resistência francesa ao nazismo, morre aos 103 anos

26.abr.2017 - Yvette Lundy - Francois Nascimbeni/AFP
26.abr.2017 - Yvette Lundy Imagem: Francois Nascimbeni/AFP

Em Lille, França

04/11/2019 05h59

Yvette Lundy, figura importante da resistência francesa aos nazistas, deportada ao campo de Ravensbrück, morreu aos 103 anos na cidade de Epernay, nordeste da França, anunciaram as autoridades locais ontem.

"Mesmo agora, há um momento do dia que penso no campo ... geralmente à noite, antes dormir", declarou em 2017 à AFP.

Yvette Lundy, a mais jovem de sete irmãos, era professora em Gionges, localidade vinícola da região de Champagne. Se uniu à rede de resistência que produzia documentos falsos para os judeus ou para prisioneiros de guerra foragidos.

Em 19 de junho de 1944, a Gestapo a prendeu quando dava aula. Após um período em uma prisão francesa e depois de passar pelo campo de Neue Bremm, perto de Saarbrücken, sudoeste da Alemanha, foi deportada a Ravensbrück.

Ao entrar no campo nazista ao norte de Berlim, Lundy declarou que sentiu como se "uma camada de chumbo" caísse sobre seus ombros, ao observar a falta de humanidade com que tratavam as prisioneiras, obrigadas a se despir na frente da SS.

"O corpo está nu e o cérebro de repente vira um trapo: somos como um buraco, um buraco repleto de vazio. E se olharmos ao nosso redor, mais vazio ainda", recordou Lundy.

Ela contou que sua constituição robusta e seu caráter a ajudaram a sobreviver no que chamou de "buraco do inferno".

Lundy foi transferida para Weimar. Libertada pelo exército russo em 21 de abril de 1945, retornou para a França.

A partir de 1959 começou a contar sua experiência em colégios franceses e alemãs. Interrompeu a missão em 2017, mas ainda recebia visitas de jovens no asilo em que morava.