EUA e Talibã retomam negociações em Doha
Os Estados Unidos e o Talibã retomaram, neste sábado (7), as negociações, três meses após a interrupção ordenada pelo presidente Donald Trump dos esforços diplomáticos para acabar com o conflito mais longo da história de seu país.
"Os Estados Unidos voltaram às negociações hoje (sábado) em Doha. O foco da discussão será uma redução da violência que conduza a negociações intra-afegãs e uma trégua", disse uma fonte envolvida nessas negociações.
O Departamento de Estado americano anunciou na quarta-feira que seu emissário encarregado das negociações com o Talibã, Zalmay Khalilzad, viajaria a Doha para "retomar as negociações".
No mesmo dia, Khalilzad se reuniu em Cabul com o presidente afegão, Ashraf Ghani, e outras autoridades do país.
Em 7 de setembro, Donald Trump, que prometeu "acabar com as guerras sem fim", e especialmente o conflito afegão - iniciado em 2001 - encerrou as discussões diretas e inéditas conduzidas por Khalilzad.
Trump também anulou um convite feito secretamente aos líderes do Talibã para encontrá-lo, após a morte de um soldado americano em um ataque de insurgentes em Cabul.
Naquele momento, disse que as negociações estavam "mortas e enterradas", mas depois pareceu adotar uma posição mais flexível e abriu as portas para o diálogo.
Em 28 de novembro, durante uma visita ao Afeganistão para apoiar as tropas americanas no Dia de Ação de Graças, Trump finalmente anunciou a retomada das negociações.
"Vai funcionar"
"Os talibãs querem um acordo e nós os encontramos. Dissemos a eles que queremos uma trégua e eles disseram que não queriam. Mas agora eles querem um cessar-fogo", disse Trump na época. "E acho que isso vai funcionar".
O projeto de acordo delineado no início de setembro previa o início da retirada progressiva de entre 13.000 e 14.000 soldados americanos, a principal reivindicação dos talibãs.
Em troca, os insurgentes se comprometeriam a não realizar ataques no Afeganistão e iniciariam um diálogo com o governo de Cabul, que eles consideram "ilegítimo".
No entanto, prometeram apenas "reduzir a violência". A ausência de um verdadeiro cessar-fogo em um país esgotado por anos de conflito foi um ponto particularmente criticado e o acordo não recebeu apoio claro das autoridades afegãs, que permaneceram à margem das negociações.
Desta vez, os americanos insistem na necessidade de um cessar-fogo, mas não se sabe ao certo se os insurgentes estão dispostos a ceder.
Questões importantes como a divisão do poder com os talibãs, o papel de potências regionais como Índia e Paquistão e o destino do governo de Ghani permaneceriam no ar.
Em uma mensagem destinada a favorecer as negociações, Khalilzad elogiou na terça-feira as operações do Talibã contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na província de Nangarhar, na fronteira com o Paquistão.
Graças a essa operação e à das forças ocidentais e afegãs, o "Estado Islâmico perdeu terreno e milicianos", disse o emissário.
De acordo com uma pesquisa do instituto Asia Foundation publicada esta semana nos Estados Unidos, 88,7% dos 17.812 afegãos questionados apoiam os esforços de paz e 64% acham que a paz é possível, uma porcentagem que representa um aumento de 10% em relação ao ano passado.
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