Presidente da Bolívia pede renúncia de ministros de olho nas eleições
A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, pediu ontem a renúncia de todos os seus ministros, de olho na eleição presidencial de maio, na qual será candidata
Áñez, 52 anos, assumiu o posto de chefe de Estado em 12 de novembro, dois dias após a renúncia do ex-presidente Evo Morales, em um cenário de protestos sociais contra o resultado das eleições e denúncias de fraudes.
A presidente "decidiu solicitar a renúncia de todos os ministros (20) para encarar esta nova etapa da gestão de transição democrática", afirma um comunicado divulgado pela secretaria da presidência.
O texto acrescenta que é "usual que nos processo eleitoral aconteçam ajustes na equipe de trabalho do Executivo".
Existe a possibilidade de que alguns ex-ministros sejam candidatos ao Congresso ou que aconteça a saída daqueles que entraram no governo por sugestão do líder regional e candidato à presidência Luis Fernando Camacho. Este era aliado de Áñez, mas se tornou um opositor da chefe de Estado interina.
O pedido foi anunciado poucas horas depois da renúncia da ministra da Comunicação, Roxana Lizárraga, motivada pela decisão de Áñez de concorrer à presidência.
Jeanine Áñez havia declarado diversas vezes que este era um governo transitório, com o objetivo de organizar eleições gerais.
Lizárraga afirmou que o governo "perdeu seus objetivos e começou a incorrer nos mesmos males do 'masismo' (em referência ao MAS, partido de Morales) que combatemos".
A oposição sempre criticou o fato de Morales, que chegou ao poder em 2006, ter disputado a reeleição em duas oportunidades e tentado uma terceira vez nas eleições de outubro do ano passado.
Áñez anunciou na sexta-feira a decisão de disputar a presidência em uma aliança de seu partido com o prefeito de La Paz, Luis Revilla.
A presidente interina foi criticada por romper o compromisso inicial de não disputar a presidência.
O ex-presidente Carlos Mesa, 66 anos, foi direto: "Eu respeito a presidente Áñez, mas acredito que comete um grande equívoco, pois ela não foi nomeada para se apresentar como candidata à presidência do país".
Evo Morales, refugiado na Argentina, também recordou que Áñez "prometeu não ser candidata", mas reconheceu que ela tem o direito.
Ao mesmo tempo existe uma dúvida sobre a legalidade da candidatura de Áñez. O deputado Luis Felipe Dorado, próximo a Luis Fernando Camacho, anunciou que fará uma consulta ao Tribunal Constitucional.
No domingo, o jornal 'Página Siete' divulgou uma pesquisa eleitoral.
O Movimento Ao Socialismo (MAS), partido de Morales, tem 26% das intenções de voto. O direitista Camacho e o ex-presidente Carlos Mesa aparecem empatados em segundo lugar com 17%. Áñez registra 12%.
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