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Habitantes de Hubei contam os minutos para o fim de quase dois meses de confinamento

24/03/2020 11h31

Pequim, 24 Mar 2020 (AFP) - Um "alívio", um "dia de festa". Os 50 milhões de habitantes da província chinesa de Hubei, marco zero da epidemia do novo coronavírus, celebram o fim iminente de quase dois meses de confinamento.

No fim de janeiro, as autoridades decretaram uma quarentena que proibia que os cidadãos saíssem da cidade em que estavam, em primeiro lugar em Wuhan, capital de Hubei, onde o coronavírus apareceu em dezembro.

Ninguém tinha permissão para entrar na província, exceto profissionais da área da saúde e trabalhadores que transportavam produtos de primeira necessidade.

Na província de Hubei o confinamento termina à meia-noite de terça-feira para quarta-feira (13H00 de Brasília, terça-feira), mas Wuhan terá que aguardar mais duas semanas, até 8 de abril, anunciaram as autoridades.

Em um primeiro momento, no entanto, apenas pessoas consideradas sem risco e que não estão enfermas serão autorizadas a deslocamentos. Para isto elas terão que apresentar o smartphone com um código QR oficial "verde" que indica que estão com boa saúde.

"Hoje é um dia de festa", declarou à AFP Wu, médica de 35 anos que trabalha em um hospital de Wuhan. "Vemos como está caindo o número de doentes em estado grave, como a situação melhora, os pacientes que recebem alta", explica.

Nos últimos dias o número de novos casos foi muito pequeno ou nulo em Hubei, mas nesta terça-feira o ministério da Saúde registrou um novo contágio na capital provincial.

"É um bom momento para acabar com o confinamento", disse à AFP Zhou, moradora de Wuhan de 30 anos.

"O número de novos casos está sob controle. E muitas pessoas bloqueadas na cidade tentam sair desesperadamente para chegar ao local de trabalho", afirma.

As restrições de deslocamento já haviam sido retiradas progressivamente na cidade desde uma visita do presidente Xi Jinping. Alguns habitantes puderam retornar ao trabalho.

"Espero que as pessoas voltem rapidamente a uma vida normal", disse Jessica Xiao, de 34 anos, que trabalha no setor de finanças.

"Estamos muito agradecidos aos heróis que estavam na linha de frente do combate", afirmou em referência aos médicos, operários e integrantes das forças de segurança.

O fim do confinamento também é comemorado pelos chineses separados de suas famílias.

"Estou muito feliz. Vou poder voltar a encontrar meus pais em Wuhan", disse à AFP Zoe Wang, de 35 anos, funcionária de uma seguradora de Xangai.

"Eles não puderam sair do prédio por mais de 50 dias. É um alívio porque estavam entediados. Meu pai não parava de perguntar 'quando o confinamento vai terminar?'", explica.

Três aeroportos da província devem reabrir na quarta-feira, mas o de Wuhan continuará fechado.

Outro sinal do retorno progressivo à normalidade: o trecho da Grande Muralha da China próximo de Pequim reabriu nesta terça-feira aos visitantes depois de passar dois meses fechado.

- Testes obrigatórios -Em nível nacional, o ministério da Saúde informou nesta terça-feira 78 novos casos de COVID-19, um aumento significativo na comparação com os dias anteriores. Porém, 74 casos são de pessoas que chegaram ao país do exterior.

Muitas cidades adotaram regras estritas para colocar os recém-chegados em quarentena, como Pequim.

Todos os voos internacionais com destino à capital devem fazer uma escala em outro aeroporto chinês, onde os passageiros são submetidos a exames médicos.

As autoridades de Pequim anunciaram que qualquer pessoa que chegar à cidade será submetida a um exame de detecção biológica a partir de quarta-feira.

As autoridades continuam monitorando os casos importados, que poderiam provocar uma nova onda de contágios. Até o momento foram registrados 427 infecções deste tipo.

Os estrangeiros, no entanto, representam uma pequena parte destes casos (47), indicou o ministério das Relações Exteriores.

Nesta terça-feira, o país registrou mais sete mortes, todas em Wuhan.

A China, com mais de 80.000 casos e 3.277 vítimas fatais registradas, é o segundo país do mundo com mais mortes por coronavírus, depois da Itália.

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