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Trump jura que não vai mais falar em coletiva, mas volta ao púlpito

Washington (EUA)

27/04/2020 23h28

Na última sexta-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou a conferência de imprensa diária sem responder a perguntas. No sábado (25), ele disse que conversar com a mídia "desonesta" era uma perda de tempo. Mas hoje, ele reapareceu atrás do microfone.

Seis meses antes das eleições nas quais ele buscará a reeleição, Donald Trump, está enviando sinais confusos sobre a posição que pretende adotar no gerenciamento da pandemia de coronavírus que matou mais de 56.000 pessoas no país.

Nesta segunda, seu encontro com a imprensa estrangeira manteve Washington nervoso. O governo americano anunciou uma conferência de imprensa de sua célula de crise, da qual o presidente continua sendo a figura central. Pouco depois, foi cancelada. Mas em seguida, foi anunciado que Trump finalmente falaria esta tarde.

Em seu retorno, optou por um tom bastante pacífico, elogiando as "conversas muito boas" com os governadores e suavizando o tom ao dialogar com jornalistas.

Essas mudanças traduzem as tensões dentro de sua equipe sobre a melhor estratégia a ser adotada na luta contra a COVID-19: colocar o presidente na linha de frente ou deixar falar o vice-presidente, Mike Pence, que tem um tom mais comedido, e os especialistas médicos Anthony Fauci e Deborah Birx, ambos muito populares.

As idas e vindas também refletem o temperamento de um presidente que vê a política como um espetáculo permanente e que não gosta de ficar longe dos holofotes.

As palavras confusas do inquilino da Casa Branca sobre a possibilidade de injetar desinfetante no corpo humano para combater o coronavírus deixaram vestígios.

Seus comentários geraram espanto nos Estados Unidos e em todo o mundo. E, embora Trump tenha tentado minimizar o que aconteceu, assegurando que a imprensa tinha interpretado mal seus comentários "sarcásticos", o dano já havia sido causado.

Muito trabalhador

Visivelmente aborrecido, o presidente liderou uma mudança radical no seu modo de comunicação.

"Qual é a utilidade de participar de conferências de imprensa na Casa Branca quando a mídia desonesta apenas faz perguntas hostis e se recusa a dizer a verdade ou os fatos com precisão", declarou Trump neste fim de semana.

"Eles estão tendo audiências recordes e os americanos estão recebendo apenas notícias falsas. Perda de tempo e energia!", escreveu no Twitter.

Pelas próximas 48 horas, trancado na Casa Branca e privado de reuniões de campanha, Trump multiplicou ataques à mídia.

"Notícias falsas, o inimigo das pessoas!", escreveu, usando uma fórmula que usou várias vezes desde que chegou ao poder.

"Nunca houve na história de nosso país meios de comunicação tão ruins e hostis quanto os que temos hoje, mesmo em meio a um estado de emergência nacional para enfrentar o Inimigo Invisível!", escreveu.

Ele reagiu com veemência a um artigo do New York Times que alegava que o presidente geralmente não aparecia no Salão Oval até o meio-dia após uma longa manhã em frente à televisão.

"As pessoas que me conhecem e que conhecem a história de nosso país dizem que eu sou o presidente que mais trabalha na história", afirmou em uma postagem.

"Não sei se é esse o caso, mas sou um trabalhador esforçado e provavelmente fiz mais em três anos e meio do que qualquer outro presidente da história".