Prefeito de NY é acusado de ameaçar judeus que não respeitarem quarentena
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, está sendo alvo de críticas por ter ameaçado a comunidade judaica caso não respeitassem o confinamento ordenado pela pandemia de coronavírus.
A afirmação aconteceu depois do enterro de um rabino que reuniu centenas de judeus ortodoxos no Brooklyn.
"Minha mensagem à comunidade judaica, e a todas as comunidades, é simples: já passou o tempo das advertências", escreveu ontem o prefeito, no Twitter, depois de supervisionar pessoalmente a dispersão por parte da polícia do funeral do rabino Chaim Mertz, que foi organizado em violação às ordens de distanciamento social.
"Pedi à polícia de Nova York que multe ou inclusive detenha aqueles que se reúnem em grandes grupos. Isto é sobre parar esta doença e salvar vidas. Ponto", completou De Blasio.
O Conselho Judaico Ortodoxo de Assuntos Públicos (OJPAC, na sigla em inglês) acusou no Twitter o prefeito de hipocrisia por criticar a comunidade judaica, mas não falar nada sobre as pessoas que se reuniram, também ontem, para observar a passagem de caças em homenagem aos profissionais da saúde na cidade.
"De Blasio teria enviado um tuíte idêntico, substituindo a palavra 'judeu' por qualquer outra minoria religiosa? Se não, por que não? A lei deve ser aplicada de maneira neutra, sem ter como alvo a fé religiosa", escreveu o representante republicano do Texas Ted Cruz.
Outro representante, o democrata Ted Deutch (Flórida), que é judeu e preside o Comitê de Ética da Câmara de Representantes, afirmou que as fotos do funeral são "perturbadoras", mas que "apontar toda a comunidade judaica para possíveis detenções dá calafrios.
De Blasio disse à imprensa nesta quarta-feira que se expressou "com paixão, emoção" quando escreveu o tweet, chocado pela grande multidão de pessoas.
Ele admitiu que está arrependido por ter ferido alguém com seus comentários e manifestou seu "amor" pela comunidade judaica. Disse, no entanto, que não se arrepende de "ter apontado o perigo" e que será "muito difícil" em um momento de aplicar o distanciamento social.
Mais de 1,1 milhão dos 8,6 milhões de nova-iorquinos são judeus e 72.000 deles moram no bairro de Williamsburg, no Brooklyn, onde aconteceu o funeral, segundo o OJPAC.
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