Coreia do Norte indica que não pretende reabrir as fronteiras
O líder norte-coreano Kim Jong Un advertiu contra qualquer flexibilização "prematura" das medidas adotadas contra o coronavírus, informou hoje a imprensa estatal, dando a entender que o país não pretende reabrir as fronteiras.
A Coreia do Norte fechou as fronteiras no fim de janeiro, quando a epidemia provocava estragos na China, e impôs restrições drásticas à população, especialmente um confinamento rígido a milhares de pessoas.
Pyongyang alega que não tem nenhum caso de covid-19 em seu território, mas os especialistas duvidam da afirmação, considerando a devastação provocada por um vírus que infectou quase 11 milhões de pessoas em todo o mundo, com mais de 500 mil mortes.
Kim Jong Un comemorou o "brilhante sucesso" alcançado, segundo ele, por seu país na luta contra a pandemia. A afirmação foi feita ontem durante uma reunião do Partido dos Trabalhadores dedicada ao impacto do vírus, informou nesta sexta-feira a agência oficial KCNA.
"Impedimos minuciosamente a propagação deste vírus maligno, mantendo uma situação antiepidêmica estável, apesar da crise mundial da saúde", afirmou, segundo a agência.
Kim Jong Un advertiu contra uma "distensão ou excesso de otimismo" e pediu mais esforços contra a doença à medida que reaparece "nos países vizinhos".
A Coreia do Sul registra atualmente entre 40 e 60 novos casos por dia, enquanto a China enfrentou novos focos do coronavírus no mês passado.
"Repetiu diversas vezes que um fim apressado das medidas antiepidêmicas levaria a uma crise inimaginável e irreparável", indicou a KCNA
Palavras que indicam a continuidade do isolamento da Coreia do Norte. O país sofreu um duro golpe no comércio com a China, principal apoio político e econômico do regime.
Várias embaixadas em Pyongyang fecharam temporariamente porque não conseguem abastecer suas representações e não tem condições de organizar um rodízio dos funcionários. Atualmente, qualquer pessoa que entra na Coreia do Norte deve respeitar um confinamento rígido de 30 dias.
Diplomatas e analistas acreditam que a fronteira continuará fechada por todo o ano.
"Eles não têm outra opção a não ser manter a fronteira fechada com a China, é inevitável", declarou Hong Min, do Instituto Coreano para a Unificação Nacional.
"O fechamento da fronteira com a China é talvez ruim para sua economia, mas as autoridades de Pyongyang parecem ter decidido que impedir uma epidemia é mais importante para manter o controle do país", completa.
Um especialista da ONU alertou no mês passado sobre o aumento da insegurança alimentar (quando o acesso e a disponibilidade de alimentos são escassos) como resultado do fechamento de fronteiras.
Antes da crise do coronavírus já se considerava que mais de 40% da população norte-coreana sofria insegurança alimentar, com muitos casos de desnutrição.
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