'Já chega!', diz China aos EUA no Conselho de Segurança da ONU
A China se indignou hoje na ONU (Organização das Nações Unidas) com os Estados Unidos, que mais uma vez a apontaram como responsável pela disseminação do coronavírus no mundo, em uma reunião por videoconferência do Conselho de Segurança sobre o futuro da governança global.
"Já chega! Já criaram problemas suficientes no mundo!", disse Zhang Jun, embaixador chinês na ONU, à embaixadora americana Kelly Craft, sob o olhar impassível do chefe da ONU, Antonio Guterres.
"Antes de apontar o dedo aos outros, qual é a causa dos 7 milhões de casos de infecção e mais de 200 mil mortes nos Estados Unidos?", questionou o embaixador chinês, acusando Washington de espalhar "o vírus da desinformação", "mentir" e "enganar".
Agir desta forma "não resolverá nenhum problema", insistiu. "Parem de politizar o vírus (...) uma grande potência deve se comportar como uma grande potência", disse ele antes de receber o apoio de seu colega russo, Vasily Nebenzia.
Durante a reunião liderada pelo presidente nigeriano Issufu Mahamadu e na qual participaram os líderes da Tunísia e da Estônia, além dos chanceleres da Rússia e da França, Kelly Craft reiterou as acusações feitas pelo presidente Donald Trump na terça-feira em seu discurso ante a Assembleia Geral da ONU.
"Deveria ter vergonha! Estou chocada e indignada com o conteúdo da discussão de hoje", disse Craft no início de seu discurso.
"Na verdade, estou bastante envergonhada deste conselho, com membros que aproveitaram a oportunidade para se concentrar em ressentimentos políticos em vez de na questão crítica da agenda", acrescentou.
"A decisão do Partido Comunista Chinês de ocultar a origem deste vírus, de minimizar seu perigo e de suprimir a cooperação científica transformou uma epidemia local em uma pandemia global", afirmou a embaixadora.
"Mais importante ainda, essas decisões já custaram centenas de milhares de vidas em todo o mundo. Centenas de milhares."
Então, após o discurso do embaixador chinês, Craft desapareceu da tela e foi substituída por um diplomata de segundo escalão da missão dos Estados Unidos na ONU.
Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse à Assembleia-Geral das Nações Unidas que o órgão "precisa responsabilizar a China por suas ações" relativas à pandemia de coronavírus.
"O governo chinês e a Organização Mundial da Saúde (OMS) —que é virtualmente controlada pela China— declararam falsamente que não havia indício de transmissão de humano para humano", afirmou Trump.
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