Cerca de 200 detidos em nova manifestação da oposição em Belarus
A polícia bielorrussa deteve, neste domingo (27), cerca de 200 pessoas, segundo o Ministério do Interior, durante uma nova manifestação da oposição, que reuniu aproximadamente 50 mil pessoas contra o presidente Alexander Lukashenko, que prestou juramento em segredo nesta semana, apesar dos protestos sem precedentes que enfrenta há semanas.
Desde a eleição presidencial de 9 de agosto, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas todo domingo em Minsk para denunciar a reeleição de Lukashenko, que consideram fraudulenta. A mobilização não para, mesmo com a forte repressão.
Cerca de 50 mil pessoas marcharam sob a chuva em Minsk, observaram repórteres da agência de notícias AFP, ou seja, muito menos do que as 100 mil calculadas nas semanas anteriores. Ao menos quarenta pessoas foram presas, segundo o grupo de defesa dos direitos humanso Viasna.
De acordo com este grupo, a polícia utilizou gás lacrimogêneo contra os manifestantes em Gomel, segunda cidade do país, e bombas de efeito moral em Moguilev (leste).
No entanto, a porta-voz do Interior, Olga Chemodanova, negou que a polícia tenha usado esses artefatos, mas confirmou que os policiais usaram um equipamento de "controle de distúrbios".
No centro de Minsk, várias estações de metrô foram fechadas ao público antes do início do protesto, observaram repórteres da AFP, e o Palácio da Independência, sede do governo de Lukashenko e ponto de várias manifestações maciças recentemente, estava rodeado de barreiras e com uma forte custódia da polícia anti-distúrbios.
Várias praças também foram fechadas no coração da cidade, além de centros comerciais onde manifestantes se refugiaram em outras ocasiões.
"Somos milhões!", afirmou este domingo a rival de Lukashenko, Svetlana Tikhanóvskaya, em uma mensagem divulgada nas redes sociais em apoio ao protesto, "venceremos!", acrescentou.
"Sveta presidente"
No sábado, as autoridades detiveram cerca de 150 pessoas, em sua maioria mulheres e jornalistas, reunidas para protestar contra o governo presidencial.
Centenas de pessoas se manifestaram na marcha das mulheres no sábado. Algumas delas erguiam imagens da rival de Lukashenko e gritavam "Sveta, presidente", em alusão à principal líder da oposição.
Tikhanóvskaya, de 38 anos, atualmente refugiada na Lituânia, reivindica a vitória na eleição de 9 de agosto, após uma campanha eleitoral em que esta mulher, sem experiência política, conseguiu mobilizar multidões.
Ignorando as manifestações em massa, Alexander Lukashenko prestou juramento na quarta-feira para um sexto mandato, o que gerou protestos nesse mesmo dia. A cerimônia no palácio presidencial não foi anunciada e foi celebrada em segredo.
Pela manhã, o cortejo presidencial cruzou em alta velocidade a avenida principal de Minsk, fechada ao público. As forças de segurança foram implantadas ao redor da presidência.
"Esta posse alegada é evidentemente uma farsa", denunciou Tikhanóvskaya então, reivindicando mais uma vez sua vitória nas eleições presidenciais.
"Lukashenko tem que ir"
As críticas de vários países ocidentais não tardaram em chegar. O governo alemão não reconheceu o presidente Lukashenko e considerou que o "segredo" que rodeava a cerimônia de posse foi um símbolo "revelador" da fraqueza do governo e de sua "falta de legitimidade".
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou por sua vez que o que está acontecendo em Belarus é "uma crise de poder, um poder autoritário que não consegue aceitar a lógica da democracia e que se sustenta pela força", em uma entrevista neste domingo ao Journal du dimanche.
"Está claro que Lukashenko tem que ir", concluiu.
Estados Unidos também não considera Lukashenko "como o presidente legítimo" de Belarus, segundo afirmou o Departamento de Estado.
O presidente bielorrusso, que acusa os países ocidentais de impulsionar os protestos, prometeu uma reforma constitucional para enfrentar esta crise política, mas rejeita qualquer diálogo com os opositores do governo, do qual está à frente desde 1994.
O presidente se nega a dar o braço a torcer e pediu ajuda ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, que prometeu apoio em nível de segurança se necessário e um empréstimo de 1,5 bilhão de dólares.
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