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Chefe da ONU alerta para risco de 'milhões' de mortes pela fome

11/03/2021 16h02

Nações Unidas, Estados Unidos, 11 Mar 2021 (AFP) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu o Conselho de Segurança, nesta quinta-feira (11), que, sem uma "ação imediata", "milhões de pessoas" estarão em risco de sofrer "fome extrema e morte" no mundo.

"Os impactos climáticos e a pandemia da covid-19 alimentam" o risco, afirmou Guterres, durante uma reunião do Conselho sobre o vínculo entre fome e segurança organizada pelos Estados Unidos, acrescentando que, em cerca de 30 países, "mais de 30 milhões de pessoas estão a um passo de serem declaradas em situação de fome".

"Tenho uma mensagem simples: se você não alimenta as pessoas, alimenta o conflito".

"Fome e inanição não são mais por falta de comida. Agora são em grande parte causadas pelo homem, e eu uso o termo deliberadamente", disse Guterres.

"Não há lugar para fome e inanição no século 21".

Depois de contar que testemunhou a morte por fome de uma menina de dois anos em Uganda em 1993, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, também enfatizou que "não há razão para não fornecer recursos para aqueles que necessitam deles urgentemente".

"No mundo de hoje, a fome é causada pelo homem. E se nós a causamos, isso significa que temos que pará-la também", acrescentou.

A diretora internacional da Oxfam, Gabriela Bucher, enfatizou que "aqueles que sofrem com a fome pouco se importam se sua condição é o resultado de uma ação deliberada, da negligência insensível das partes no conflito ou da comunidade internacional".

- Crimes relacionados à fome -No final de 2020, mais de 88 milhões de pessoas sofriam de fome aguda devido a conflitos e instabilidade, um aumento de 20% em um ano, disse ele, apontando para uma tendência de piora em 2021.

As áreas de alto risco são o Sahel, o Chifre da África, o Sudão do Sul, o Iêmen e o Afeganistão.

Guterres anunciou que lançará uma força-tarefa "para evitar a catástrofe" depois que o Programa Mundial de Alimentos e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura solicitaram uma mobilização emergencial de 5,5 bilhões de dólares, informou Guterres.

Mas, para Gabriela Bucher, a responsabilidade dos Estados não termina na doação de dinheiro. Ela denunciou "uma comunidade internacional cujos Estados mais poderosos muitas vezes causam fome com um abundante suprimento de armas" em vários países.

Citando exemplos concretos como no Tigré (Etiópia), Iêmen e na República Centro-Africana, ela pediu ao Conselho de Segurança da ONU "um compromisso claro de ação", que "garanta o acesso à ajuda humanitária" em todos os lugares, exigindo "responsabilidades significativas" para aqueles que cometerem "crimes relacionados à fome".

Por sua vez, Linda Thomas-Greenfield pediu ao chefe da ONU dois relatórios anuais sobre a fome, de forma a evitá-la de maneira mais eficiente.

António Guterres anunciou a criação de um "grupo de trabalho de alto nível para a prevenção da fome" na sede da ONU em Nova York, para o qual contribuirão representantes do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

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