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Reino Unido é acusado de racismo por tratamento à 'noiva do EI'

Renu Begum, irmã mais velha de Shamima Begum segura uma foto da irmã durante entrevista à imprensa britânica em 2015 - LAURA LEAN / POOL / AFP
Renu Begum, irmã mais velha de Shamima Begum segura uma foto da irmã durante entrevista à imprensa britânica em 2015 Imagem: LAURA LEAN / POOL / AFP

15/03/2021 10h17

Londres, 15 Mar 2021 (AFP) - O célebre escultor Anish Kapoor denunciou nesta segunda-feira (15) que Shamima Begum, conhecida como "noiva do EI" e destituída de sua nacionalidade britânica por ter se juntado ao grupo Estado Islâmico na Síria, teria sido tratada de forma diferente se fosse branca.

Em 2015, quando tinha 15 anos, Begum abandonou o Reino Unido, onde nasceu e cresceu no berço de uma família de Bangladesh, para ir à Síria com duas colegas da escola. Lá ela se casou com um extremista do EI de nacionalidade holandesa oito anos mais velho que ela.

Em um país comovido por uma série de atentados em 2017 reivindicados pelo EI, o governo britânico retirou a nacionalidade de Begum em 2019 alegando motivos de segurança depois que a jovem afirmou em uma entrevista ao jornal The Times que não se arrependia e não se importou ao ver uma cabeça decepada em uma lata de lixo.

Atualmente detida em um campo na Síria administrado por milicianos curdos, ela quer voltar ao seu país para exigir que llhe devolvam o passaporte.

Mas a Suprema Corte britânica impediu seu retorno no mês passado.

"Shamima é o trágico bode expiatório de um governo implacável", afirmou Kapoor, britânico de origem indiana, em um comunicado assinado junto ao advogado da jovem e enviado à agência de notícias britânica PA.

"O que aconteceu com o perdão cristão? Não se aplica a uma mulher e a uma mulher de pele escura? Parece que há regras diferentes", acusou. "Talvez alguns de nós sejamos mais britânicos do que outros? Shamima é de origem do Bangladesh, isso muda seu direito à nacionalidade britânica? Estou tentado a pensar que sim, especialmente devido à decisão da Suprema Corte", acrescentou.

Kapoor pediu ao Reino Unido para mostrar "compaixão", afirmando que "o fato de Shamima querer voltar ao Reino Unido demonstra que ela está disposta a enfrentar a Justiça aqui pelos seus erros do passado".