Navio de 400 m de comprimento encalha no Canal de Suez e causa 'congestionamento'
Um navio porta-contêiner de 400 metros de comprimento encalhou ontem, na rota do Canal de Suez, no Egito, e até agora não foi encontrado um jeito de removê-lo. A empresa responsável pela embarcação disse que uma rajada de vento pode ter causado o acidente.
Operações para desencalhar um navio cargueiro no Canal de Suez estavam em andamento hoje nesta rota comercial, uma das mais movimentadas do mundo, onde dezenas de navios aguardam - disseram as autoridades locais.
Em um comunicado divulgado esta manhã, o presidente da Autoridade Egípcia do Canal de Suez (SCA), almirante Ossama Rabie, informou que "as unidades de resgate e os rebocadores da Autoridade continuam seus esforços" para desbloquear o Ever Given, um navio de 400 metros de comprimento com bandeira do Panamá - operado pela companhia Evergreen Marine Corp.
Oito rebocadores foram mobilizados para ajudar na missão. A embarcação de mais de 220 mil toneladas, que se dirigia para Roterdã procedente da Ásia, encalhou depois de ser levada por uma rajada de vento, quando acabava de cruzar a entrada sul do Canal de Suez, segundo o site Vesselfinder.
De acordo com a SCA, o incidente se deveu a um vento de areia, fenômeno comum no Egito nesta época do ano, que teria gerado um problema de visibilidade.
De acordo com comunicado recente por meio do Facebok, a equipe que chefia o Canal de Suez continua tentando descolar o navio Ever Given do trecho, conforme mostra o vídeo abaixo.
Falta de visibilidade pode ter feito navio encalhar
O encalhe "aconteceu principalmente pela falta de visibilidade, devido às condições meteorológicas, enquanto os ventos atingiram 40 nós (74 km/h), o que afetou o controle do navio", relatou a SCA no comunicado.
"O navio cargueiro encalhou acidentalmente, provavelmente depois de ser atingido por uma rajada de vento", havia dito mais cedo à AFP a companhia Evergreen Marine Corp, que opera o navio.
Julianne Cona, usuária do Instagram, postou uma foto do navio encalhado do Maersk Denver, que ficou bloqueado atrás do Ever Given.
Após o incidente, dezenas de navios esperam para usar o canal, segundo uma fonte marítima. De acordo com fontes marítimas, 30 navios estão parados na entrada norte do Canal, e outros três, na entrada sul.
Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram que o trecho histórico do canal, localizado na parte central da hidrovia, foi reaberto nos dois sentidos de navegação. Neste momento, porém, não está claro como isso ajudará a absorver a perturbação criada pelo Ever Given.
Tal atraso pode ter consequências para o fluxo do tráfego marítimo em uma rota de navegação que concentra cerca de 10% do comércio marítimo internacional, segundo especialistas.
"A passagem por Suez é sempre levada em consideração e, quando há um grande incidente como este, cria atrasos e um efeito dominó", explicou à AFP Camille Egloff, especialista em transporte marítimo do Boston Consulting Group, com sede em Atenas.
Ela informou que o atraso é apenas "questão de horas", porque "estamos em um ambiente hipercontrolado". Ainda assim, deve ter um custo, "porque bloqueia o tráfego atrás".
Fonte de renda
Em resposta a uma política de grandes obras, uma nova seção escavada em 2014 e 2015 facilitou a travessia dos comboios e reduziu o tempo de trânsito das embarcações. Quase 19.000 navios passaram pelo Canal de Suez em 2020, de acordo com a SCA.
Este canal é uma fonte de receita essencial para o Egito, com o qual arrecadou US$ 5,61 bilhões em 2020. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, anunciou em 2015 um projeto para desenvolver o canal com o objetivo de reduzir o tempo de espera e dobrar o número de navios que o utilizam até 2023.
Idealizado por Ferdinand de Lesseps, empresário e diplomata francês, o colossal projeto de ligação dos Mares Vermelho e Mediterrâneo durou dez anos (1859-1869). Participaram dele um milhão de egípcios, segundo as autoridades de hoje. Dezenas de milhares deles morreram durante este projeto titânico, estimam os especialistas.
Ligação marítima entre a Europa e a Ásia, esta rota permitiu não se ter de contornar outro continente, a África, através do Cabo da Boa Esperança. Também conheceu várias guerras e anos de inatividade. Essa história foi particularmente marcada pelo ano de 1956: em 26 de julho, Gamal Abdel Nasser, recém-eleito presidente, nacionalizou o Canal de Suez.
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