Congresso peruano inabilita ex-presidente Vizcarra por escândalo de vacinação
O Congresso peruano aprovou nesta sexta-feira (16) a inabilitação por 10 anos para exercer cargos públicos do popular ex-presidente Martín Vizcarra, apontado por ter se vacinado de forma irregular contra a covid-19.
A inabilitação foi aprovada pelos 86 votantes, superando os 80 votos necessários para tirar Vizcarra de cena. Ele foi o mais votado nas eleições legislativas de domingo, com mais de 165.000 votos, mas não poderá ocupar uma cadeira no parlamento.
Nem Vizcarra nem seu advogado, Fernando Ugaz, assistiram à sessão do Congresso. O ex-presidente chamou o parlamento de "deslegitimado" e afirmou que irá recorrer da decisão. "Não temos dúvida de que esta situação irá se reverter. Esse Congresso está deslegitimado, iremos recorrer a instâncias nacionais e internacionais", anunciou. "Já apresentamos um recurso de amparo ao Judiciário e também foi apresentada uma medida ante a Corte Interamericana de Direitos Humanos."
O Congresso também inabilitou duas ex-ministras do presidente interino, Francisco Sagasti, acusadas de terem se vacinado de forma irregular.
Vizcarra, que assumiu a presidência peruana em 2018, após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, do qual era vice-presidente, admitiu que recebeu duas doses da vacina chinesa da Sinopharm antes de ela ser aprovada, em dezembro, pelas autoridades de saúde, mas nega que o tenha feito de forma irregular. O ex-presidente afirma que ele, sua esposa e seu irmão foram voluntários de um teste clínico.
As declarações foram desmentidas pelo chefe do teste clínico, o médico Germán Málaga, que também é questionado e foi destituído do cargo. Já as duas ministras renunciaram em fevereiro, depois que foi revelado que elas faziam parte de um grupo de 470 pessoas que se vacinaram irregularmente. Entre essas pessoas, há funcionários, diplomatas, empresários, familiares do médico Málaga e o núncio do Vaticano.
O Ministério Público abriu em fevereiro uma investigação contra Vizcarra e outras pessoas pelo caso das vacinas. Além disso, Vizcarra é alvo de uma investigação por corrupção quando era governador da região sulista de Moguegua, de 2011 a 2014. O MP solicitou prisão preventiva contra ele, mas a Justiça considerou o pedido "infundado", apesar de ter proibido Vizcarra de sair de Lima sem autorização e de ter imposto uma garantia de 27.000 dólares.
O ex-presidente (2018-2020) insiste em que é inocente das acusações de corrupção. Por esse caso, o Congresso o destituiu em 9 de novembro em um julgamento político relâmpago, que desencadeou protestos violentos com saldo de dois mortos e quase cem feridos. No período de cinco dias, o Peru teve três presidentes em meio aos embates da pandemia.
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