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EUA e França alertam Irã sobre acordo nuclear

25/06/2021 10h50

Paris, 25 Jun 2021 (AFP) - Estados Unidos e França advertiram o Irã, nesta sexta-feira (25), de que o tempo está se esgotando para retornar a um acordo sobre seu programa nuclear e expressaram o temor de que as atividades atômicas de Teerã avancem, se as discussões forem estendidas.

Na primeira visita de alto nível a Paris da administração do presidente Joe Biden, o secretário de Estado, Antony Blinken, e seus anfitriões franceses deram boas-vindas a um novo espírito de cooperação, após quatro anos de turbulência sob Donald Trump.

Ressaltaram, no entanto, que uma promessa importante de Biden - voltar ao acordo de 2015 sobre o pacto nuclear iraniano - está em risco, se o regime iraniano não fizer concessões durante as negociações em curso em Viena.

"Chegará um momento em que, sim, será difícil voltar aos padrões" do acordo, declarou Blinken a repórteres.

"Não chegamos a esse ponto - não posso estabelecer uma data -, mas é algo de que estamos cientes", acrescentou.

Blinken alertou que, se o Irã "continuar a operar centrífugas cada vez mais sofisticadas" e a aumentar o enriquecimento de urânio, isso irá acelerar o tempo de "ruptura", quando estará próximo da capacidade de desenvolver uma bomba nuclear.

O secretário americano garantiu, porém, que Biden ainda apoia um retorno ao acordo, sob o qual o Irã reduziu drasticamente seu programa nuclear até que Trump se retirou em 2018 e impôs sanções à economia iraniana.

"Temos interesse nacional em tentar colocar o problema nuclear de volta na caixa em que estava", apontou Blinken.

A França - que como Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia e China se manteve no acordo de 2015, apesar da pressão de Trump - também aumentou o tom para que o Irã volte a cumprir seus compromissos.

"Esperamos que as autoridades iranianas tomem as decisões finais, sem dúvida difíceis, que permitirão a conclusão das negociações", declarou o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, em entrevista coletiva conjunta com Blinken.

As negociações foram paralisadas em parte por causa da insistência do Irã em que todas as sanções sejam suspensas.

O governo Biden afirma que está disposto a suspender as medidas econômicas relacionadas ao programa nuclear, conforme previsto no pacto, mas que manterá outras sanções, principalmente àquelas relacionadas aos direitos humanos.

Alguns especialistas acreditam que o Irã estava esperando a eleição de Ebrahim Raisi, cuja abordagem linha-dura é apoiada pelo guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, o principal árbitro da política externa da República Islâmica.

Analistas estimam que o Irã poderia chegar a um acordo antes de Raisi assumir o cargo em agosto, deixando-lhe o crédito pelo esperado impulso econômico, mas culpando o atual presidente Hassan Rohani, um moderado que defendia uma melhor relação com o Ocidente, se a situação piorar.

Blinken está em uma turnê pela Europa que já o levou à Alemanha e continuará na Itália, logo após a visita de Biden ao Velho Continente.

O governo americano busca consolidar as relações com os europeus diante dos crescentes desafios de uma China em ascensão e de uma Rússia assertiva.

Quanto aos pontos críticos de importância estratégica para os franceses, Blinken também prometeu solidariedade na luta contra o extremismo no Sahel e uma frente única no Líbano.

"Decidimos agir juntos para pressionar os responsáveis. Sabemos quem eles são", disse Le Drian, referindo-se ao Líbano, país mergulhado em uma crise econômica e política.

Blinken acrescentou: "Precisamos ver uma liderança real em Beirute".

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