Pedro Castillo se prepara para assumir o poder no Peru
Lima, 27 Jul 2021 (AFP) - O professor rural de esquerda Pedro Castillo assume na quarta-feira (27) a Presidência do Peru com a missão de enfrentar a pandemia, reativar a economia e acabar com as convulsões políticas que marcaram o último mandato.
Três dias de cerimônias estão programados para a posse do novo presidente, que receberá a faixa bicolor no dia em que o Peru comemora o bicentenário da independência.
O rei da Espanha, Felipe VI, chegou a Lima nesta terça-feira(27) para assistir à troca de comando, que também contará com a presença de seis presidentes, o secretário de Educação dos Estados Unidos, Miguel Cardona, e o ex-presidente boliviano Evo Morales.
Castillo é "o primeiro presidente pobre do Peru", disse à AFP o analista Hugo Otero, destacando que é o primeiro sem parentesco ou vínculo com as elites políticas, econômicas e culturais do país.
"O maior desafio de Castillo é não decepcionar as pessoas que precisam de respostas rápidas, porque estão desempregadas e famintas, ou estão em perigo de morte por causa da covid-19", disse Otero.
O Peru foi duramente atingido pela pandemia: acumula mais de dois milhões de infecções e quase 200.000 mortes, sendo o país com a maior taxa de mortalidade do mundo por coronavírus, com 603 mortes por 100.000 habitantes.
Além disso, uma longa quarentena causou a perda de dois milhões de empregos e mergulhou o país na recessão em 2020. O PIB caiu 11,12%.
Castillo foi proclamado presidente eleito há oito dias pelo júri eleitoral, que levou um mês e meio para analisar as contestações e recursos antes de declará-lo o vencedor da votação de 6 de junho contra a candidata de direita Keiko Fujimori.
O novo presidente, de 51 anos, que costuma usar o chapéu branco típico dos camponeses de sua terra natal, Cajamarca (norte), é católico e contrário ao aborto e às uniões entre pessoas do mesmo sexo.
- Pedido de Blinken -Castillo se reuniu na manhã desta terça-feira com trabalhadores da companhia pública de água potável e à tarde se encontraria com algumas das autoridades estrangeiras.
Na segunda-feira, ele recebeu um telefonema do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que o parabenizou, mas também disse que Washington espera dele "um papel construtivo" em relação à Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Embora os setores políticos e empresariais peruanos temam uma guinada para o socialismo semelhante ao do governo de Caracas, o principal assessor econômico de Castillo, Pedro Francke, disse à AFP que o programa "nada tem a ver com a proposta venezuelana".
Na semana passada, Castillo se distanciou do governante venezuelano Nicolás Maduro ao descartar a possibilidade de copiar "modelos" estrangeiros e insistir que não é nem "chavista" nem "comunista".
A governança será outro desafio, após uma campanha eleitoral polarizada e as convulsões políticas dos últimos cinco anos, que levaram o Peru a ter três presidentes em cinco dias em novembro de 2020.
"Castillo precisa se posicionar rapidamente como presidente de todos os peruanos e não mais como presidente de metade dos peruanos", disse a cientista política Jessica Smith à AFP.
"Governar por um país que clama pela unidade vai além dos discursos, que tem que se traduzir em ações e gestos concretos", acrescentou.
- Congresso dividido -Castillo, que deve anunciar os nomes de seu chefe de gabinete e ministros-chave a qualquer momento, terá a centro-direita María del Carmen Alva como líder do Congresso peruano.
Dez partidos estão presentes no fragmentado Congresso de 130 membros. As maiores bancadas são do Peru Libre, partido de Castillo, com 37 cadeiras, e da Força Popular de Fujimori, com 24. Ação Popular, partido de Alva, tem 16.
Castillo viajará para a cidade andina de Ayacucho na quinta-feira para uma inauguração simbólica no Pampa de la Quinua, cenário da Batalha de Ayacucho em 9 de dezembro de 1824, que selou a independência do Peru e do resto da América espanhola. Na sexta-feira, ele comandará um Desfile Militar em Lima.
O presidente interino Francisco Sagasti, que recebeu Castillo no Palácio do Governo na última sexta-feira, recomendou que avalie se é justo insistir em sua proposta de mudança da Constituição, rejeitada pela direita.
Sagasti destacou o "senso de humor" e a "simplicidade" do novo presidente, que "perguntou onde colocaria os animais que tem em sua casa rural em Cajamarca".
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IPSOS
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