Justiça francesa julga quatro estivadores por tráfico de cocaína da América Latina
Rennes, França, 18 Out 2021 (AFP) - A justiça francesa julga, a partir desta segunda-feira (18), dez pessoas, entre elas quatro estivadores do oeste da França, pelo tráfico de cocaína da América Latina em contêineres entre 2017 e 2020.
A investigação teve início em maio de 2017, após a apreensão, no porto brasileiro de Santos, de 690 quilos de cocaína em um contêiner refrigerado com destino a Montoir-de-Bretagne, porto próximo a Nantes.
De acordo com os investigadores, a mercadoria era contrabandeada por meio da técnica de "rip-off", que consiste na introdução da cocaína em mochilas esportivas ou outros recipientes carregados em um contêiner regular.
O tráfico era feito por trás de empresas conceituadas ou com a cumplicidade de companhias criadas para tal, segundo a Procuradoria de Rennes (oeste), onde decorre o julgamento.
Os estivadores recuperavam a cocaína na chegada ao porto, a trocavam por outro objeto no contêiner que havia sido aberto, escapando da alfândega, e entregavam aos intermediários.
Foram apreendidos 336 quilos em Montoir-de-Bretagne entre junho de 2017 e abril de 2020, cujo valor de venda ultrapassa os 16 milhões de euros (18,5 milhões de dólares), segundo o Ministério Público.
Estas remessas, relativamente baixas em comparação com as 9 toneladas de cocaína apreendidas pela alfândega em 2020, correspondem a uma vontade dos traficantes de encontrarem "vias secundárias" para chegar ao mercado europeu, através de portos menos vigiados que os de Antuérpia (Bélgica) ou de Roterdã (Holanda).
A cocaína da América Latina passava por Guadalupe e Martinica, territórios franceses no Caribe, a caminho de seu destino: a região de Paris.
Dois estivadores foram presos em flagrante delito em outubro de 2019, quando entregavam 140 quilos de cocaína, com alto grau de pureza, a intermediários.
Um dos dois detidos é Damien Lorcy, de 35 anos, que disse durante o julgamento que era a primeira vez que fazia uma entrega. "Cento e quarenta quilos para uma primeira entrega?", perguntou ironicamente o promotor.
O homem é filho de Thierry Lorcy, de 56 anos, e chefe do clã que leva seu sobrenome. Esse grupo, que faz cumprir sua lei por meio de intimidações e ameaças, foi citado na primeira sessão do julgamento.
O tribunal de Rennes julga dez pessoas, depois de decidir no início da manhã processar posteriormente três réus por motivos processuais, incluindo Thierry Lorcy.
Os réus, entre estivadores, intermediários, traficantes e remetentes de cocaína das Antilhas, têm entre 32 e 56 anos. Um deles, de 41, está foragido.
Os réus enfrentam uma pena de 10 anos de prisão, que pode ser maior em caso de reincidência, e multas significativas.
aag/tjc/mb/mr
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