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Sobe para 88 o número de mortos por série histórica de tornados nos EUA

Só no estado de Kentucky (foto acima) foram 74 vítimas, segundo o governador; saldo deve aumentar - Adrees Latif/Reuters
Só no estado de Kentucky (foto acima) foram 74 vítimas, segundo o governador; saldo deve aumentar Imagem: Adrees Latif/Reuters

13/12/2021 16h42Atualizada em 14/12/2021 07h10

O saldo de mortos deixado por uma das piores séries de tornados na história dos Estados Unidos subiu para 88 nesta terça-feira (14), enquanto o presidente Joe Biden anunciou que visitará essa região do Centro Oeste do país, onde muitas cidades ficaram em ruínas.

Andy Beshear, governador de Kentucky, um dos estados mais afetados, informou que até o momento foram confirmados 74 mortos. Outras 109 pessoas continuam desaparecidas.

"Pode levar semanas até termos uma contagem final das mortes e dos níveis de destruição. Haverá mais [mortos]. Acreditamos que [o balanço] superará os 70, talvez inclusive os 80", disse Beshear, que durante o fim de semana estimou que o número de vítimas poderia ser maior que 100.

Os que morreram tinham entre 5 meses e 86 anos, segundo Beshear.

Uma das cidades do estado que sofreu mais danos foi Mayfield, onde muitas casas foram destruídas, assim como uma fábrica de velas, deixando oito funcionários mortos e outros tantos desaparecidos.

Entre sexta-feira (10) e sábado (11) foram registradas ao menos 14 mortes em outros quatro estados vizinhos: Tennessee, Illinois, Missouri e Arkansas.

Governo ao resgate

O gabinete do presidente dos Estados Unidos anunciou hoje que Biden visitará a região na quarta-feira (15) para avaliar a situação de emergência. O presidente classificou a tempestade como "uma das piores séries de tornados" na história do país. Ontem, Biden declarou Kentucky área de "catástrofe maior".

"Estaremos presentes para permitir que a população se recupere e se reconstrua", prometeu o secretário de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, nesta segunda-feira de manhã ao canal CNN.

Kentucky foi atingido na sexta-feira à noite por uma das maiores e mais poderosas séries de tornados já registradas nos Estados Unidos.

A diretora da Agência dos Estados Unidos para Gestão de Desastres (FEMA), Deanne Criswell, alertou no domingo que esses estados enfrentam uma "nova norma" de multiplicação dos fenômenos meteorológicos devastadores.

Criswell destacou também a dimensão "incrivelmente rara" e "histórica" desses tornados para esta temporada.

Igrejas se tornaram abrigos

Em Mayfield, pequena cidade de 10.000 habitantes no sul de Kentucky — que faz parte do "cinturão da Bíblia", onde existe forte influência da Igreja —, grupos de moradores tentavam limpar os escombros, buscavam suprimentos e ajudavam os mais afetados, enquanto várias igrejas passaram a funcionar como abrigos para muitos evacuados.

Imagens de árvores caídas e casas destruídas se misturam com prédios derrubados pela força da tempestade em Mayfield.

"Trabalhamos tantos anos por tudo isso e agora se tornou fumaça", lamenta Randy Guennel, um aposentado de 79 anos, que conta que "não tem mais casas, mais carros, nada mais".

Vanessa Cooper, de 40 anos e funcionária da escola técnica local, tentava resgatar o que podia do apartamento de sua mãe, do qual restam apenas duas paredes em pé. Três amigos a ajudavam a despejar os escombros retorcidos enquanto ela vasculhava entre os móveis danificados.

Sentado em uma cadeira em frente ao que restou de sua casa, Marty Janes olhava o vazio sem compreender, enquanto os voluntários trabalhavam ao seu redor.

"Estou arrasado. É impressionante... não tenho nada", diz Janes à AFP.

Ficou preso nos fundos de sua casa, enquanto sua esposa Theresa estava no quarto, quando o teto desabou.

Depois de seu resgate pelos bombeiros, o casal ficou separado durante dois dias enquanto Theresa estava hospitalizada, conta Janes com lágrimas nos olhos.

Não queria que sua esposa visse os danos em sua casa, agora inabitável.

Em entrevista à CNN, o coordenador de ajuda de Kentucky, Michael Dossett, comparou a situação com "a visão de uma zona de guerra".

Na cidade de Edwardsville, no sul de Illinois, seis pessoas morreram em um depósito da gigante Amazon onde trabalhavam no turno da noite processando pedidos antes do Natal.