Crise na Ucrânia divide políticos e eleitores conservadores nos EUA
As tensões entre Estados Unidos e Rússia pela situação na Ucrânia revelaram uma nova divisão dentro do Partido Republicano: de um lado, os belicistas e pró-democracia; do outro, os isolacionistas que questionam por que o governo dos EUA deveria intervir.
Na últimas semanas, líderes republicanos apareceram em programas de televisão e deram coletivas de imprensa com a mesma mensagem: o presidente Joe Biden é muito fraco diante das demonstrações de força de Moscou, que concentrou quase 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia.
Se o presidente russo, Vladimir Putin, invadir o país, deve ser objeto de sanções, ou o polêmico gasoduto Nord Stream 2 deve ser proibido de entrar em operação, defenderam vários senadores republicanos, ao apresentarem uma série de textos neste sentido ao Congresso.
Algumas vozes dissonantes começaram, porém, a serem ouvidas dentro do Partido Republicano, acusando o governo Biden de estar mais preocupado com a crise ucraniana do que com o aumento da migração na fronteira sul dos Estados Unidos.
"A Ucrânia está a mais de 8 mil quilômetros de distância. Os crimes violentos e as drogas perigosas estão atravessando os quintais dos meus eleitores", criticou o congressista Paul Gosar, do Arizona, um dos estados fronteiriços com o México.
Alguns candidatos das eleições de meio de mandato previstas para novembro concordam com ele. "Esta história de Ucrânia está se tornando pior a cada hora que passa", afirmou na última quarta-feira (26) JD Vance, candidato a senador por Ohio.
Tucker Carlson
A divisão dentro do partido conservador também afeta a base. Uma pesquisa Yahoo News/YouGov publicada esta semana mostra que 40% dos republicanos consideram que o governo americano não tem o dever de proteger a Ucrânia, contra 36% que pensam o contrário.
As divergências no partido têm como origem a impopularidade das intermináveis guerras dos Estados Unidos nas últimas décadas, do Iraque até a caótica retirada do Afeganistão, segundo analistas.
"De fato, há uma divisão dentro do Partido Republicano, e agora um grupo significativo destes eleitores são anti-intervencionistas e potencialmente pró-Rússia", disse Carly Cooperman, especialista em política americana, à AFP.
Ela afirmou que o sentimento pró-Rússia criou raízes durante a Presidência do republicano Donald Trump, que definiu o colega Putin como um líder "muito respeitado".
E o sentimento é forte no programa do principal apresentador do canal Fox News, Tucker Carlson, uma das vozes mais influentes nos meios de comunicação conservadores do país.
"Trump influenciou muito a formação do sentimento, porque, em geral, se mostrou mais agradável com a Rússia, assim como Tucker Carlson, que se esforçou para defender a postura pró-Rússia em seu programa", enfatizou Carly Cooperman.
No início da semana, Carlson disse: "por que é desleal estar do lado da Rússia e leal estar do lado da Ucrânia? Ambos são países estrangeiros que não se importam com os Estados Unidos".
Uma demonstração da influência dele: o congressista democrata Tom Malinowski declarou esta semana que está recebendo ligações de "pessoas que dizem que estão vendo Tucker Carlson e que se sentem irritadas porque não estamos do lado da Rússia".
Algumas declarações do apresentador da Fox News foram exibidas e elogiadas na televisão estatal russa.
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