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Guerra na Ucrânia continua a somar vítimas com ataques em Donetsk e Kiev, apesar das novas negociações

14/03/2022 20h04

Kiev, 14 Mar 2022 (AFP) - A guerra na Ucrânia continuava a fazer vítimas nesta segunda-feira (14), com a queda de um míssil em Donetsk e ataques a várias cidades em meio à esperança de um acordo em uma nova rodada de negociações russo-ucranianas.

Mais de 2,8 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia, segundo números desta segunda, quando o Kremlin não descartou "tomar o controle total" das principais cidades que já estão cercadas, o que implicaria uma grande ofensiva militar.

Nestes últimos dias, os combates se intensificaram nas proximidades da capital, "uma cidade em estado de sítio", segundo o conselheiro do presidente ucraniano.

Na madrugada de segunda, um prédio de oito andares no bairro de Obolon, no norte de Kiev, foi alvo de "um tiro de artilharia", deixando um morto e 12 feridos. Mais tarde, um bombardeio em outro bairro matou uma pessoa.

Mais a oeste, nove pessoas morreram e outras nove ficaram feridas em um bombardeio russo contra uma torre de televisão em Antopil, perto da cidade de Rivne, segundo as autoridades.

E em Kharkiv, ao menos duas pessoas morreram em outro ataque russo, segundo a procuradoria regional, que informou também sobre outro morto em Chuguyev, a 40 km.

Em Donetsk, os separatistas pró-russos apoiados por Moscou, que controlam a cidade desde 20014, disseram que um ataque ucraniano contra o centro da cidade deixou ao menos 16 mortos, segundo o "ministério" da saúde local, ou 23, segundo o Comitê de Investigação russo.

Os separatistas publicaram fotos de corpos ensaguentados em uma rua cheia de escombros.

O exército ucraniano negou categoricamente ter disparado um míssil contra Donetsk.

- "Nenhum lugar seguro" -Mais a oeste, em outra grande cidade industrial, Dnipro, até agora considerada um refúgio para os civis procedentes de Kharkiv ou Zaporizhzhia, os alarme soaram durante cinco horas, pela primeira vez desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Nenhum projétil caiu, mas "não há nenhum lugar seguro", declarou à AFP Yilena, de 38 anos, proveniente de Zaporizhzhia.

A Rússia também apertou o cerco no sul da Ucrânia, segundo o Ministério britânico da Defesa, que tuitou que as forças navais "bloqueavam a costa ucraniana do Mar Negro".

A situação permanece dramática em Mariupol, cidade portuária estratégica sitiada pelos russos. No entanto, pela primeira vez em vários dias, cerca de 210 veículos conseguirem passar por um corredor humanitário nesta segunda-feira.

Outro comboio, este de ajuda humanitária, que há dias tenta entrar na cidade, foi novamente bloqueado nesta segunda-feira por soldados russos, também em Berdiansk, a 85 km de Mariupol, segundo autoridades ucranianas.

Milhares de habitantes vivem em porões, sem água, eletricidade ou aquecimento. Segundo a prefeitura, 2.187 pessoas já morreram na cidade.

Os combates também chegaram ao oeste do país, que até agora estava relativamente tranquilo, com bombardeios no sábado contra a base militar de Yavoriv, perto da Polônia.

Nesta segunda-feira, nove pessoas morreram e outras nove ficaram feridas em um bombardeio russo contra uma torre de televisão em Antopil, perto da cidade de Rivne, segundo as autoridades.

O presidente ucraniano voltou a pedir que a Otan estabeleça uma zona de exclusão aérea em seu território, o que a aliança militar rejeita para não se envolver na guerra.

- Pausa técnica -Neste contexto, as negociações entre as delegações russa e ucraniana foram retomadas nesta segunda-feira por videoconferência.

"Temos que nos manter firmes e lutar para vencer, para alcançar a paz que os ucranianos merecem, uma paz honesta com garantias de segurança para nosso Estado, para nosso povo. E colocá-las por escrito nas negociações, negociações difíceis", disse Zelensky em um discurso em vídeo.

À tarde, o principal negociador ucraniano, Mykhailo Podoliak, anunciou uma "pausa técnica" nas conversas, que serão retomadas na terça-feira.

O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmyhal, pediu nesta segunda ao Conselho da Europa que expulse imediatamente a Rússia desta organização de defesa dos direitos humanos.

Em discurso no lugar do presidente ucraniano, Shmyhal urgiu os países a trabalhar para deter a "agressão antes de que ocorra uma catástrofe nuclear e toda a Europa esteja em chamas".

No que poderia ser um sinal de que os mercados querem acreditar em um avanço diplomático, os preços do petróleo caíram nesta segunda-feira, com um barril de WTI passando a valer brevemente abaixo dos US$ 100, fechando em US$ 103,01. Na semana passada, superou US$ 130.

Enquanto isso, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) indicou que na próxima quarta-feira comunicará seu veredicto sobre o procedimento iniciado por Kiev, que pediu ao mais alto tribunal da ONU que ordenasse a Moscou o fim da invasão.

Paralelamente, persiste o temor de que o conflito se espalhe e as ações diplomáticas se multiplicam.

O conselheiro de Segurança Nacional do presidente americano, Jake Sullivan, reuniu-se nesta segunda-feira em Roma com Yang Jiechi, chefe do Partido Comunista Chinês para a diplomacia.

A reunião de sete horas foi "intensa" e "muito franca", segundo a Casa Branca, que considera "profundamente preocupante" a posição de "alienação da China com a Rússia" no conflito.

- Quarta rodada de sanções -O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, confirmou uma quarta rodada de sanções contra a Rússia.

A União Europeia incluirá o bilionário Roman Abramovich e outros magnatas russos em sua lista mais recente de sanções, disseram dois diplomatas à AFP.

Um total de 862 pessoas e 53 entidades russas já constam da lista.

Em Barcelona, um iate do oligarca russo Serguei Chemezov, avaliado em aproximadamente US$ 140 milhões, foi confiscado, informou o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez.

Moscou acusa os países ocidentais de provocar um "default artificial", já que as sanções congelaram até agora 300 bilhões de dólares de reservas russas no exterior.

Estas sanções deixam a Rússia em dificuldades no momento de enfrentar vários pagamentos da dívida em outras divisas e que vencem em março e abril, o que provoca recordações do humilhante calote de 1998.

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