EUA criticam Bachelet por visita à China que incluirá Xinjiang
Genebra, 20 Mai 2022 (AFP) - Os Estados Unidos criticaram nesta sexta-feira (20) a alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, por não publicar relatórios sobre a província chinesa de Xinjiang, onde Pequim é acusado de perseguir a minoria uigur, às vésperas de sua viagem à região.
"Estamos profundamente preocupados com a próxima visita" da alta funcionária da ONU, disse a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
A ex-presidente chilena, de 70 anos, viajará para a China na segunda-feira e permanecerá até o dia 28 de maio. É a primeira visita de um alto comissário da ONU para os Direitos Humanos desde 2005. Há vários anos ela pede a Pequim acesso a todas as regiões do país.
Em seu primeiro discurso após assumir o cargo em 2018, mencionou "as denúncias profundamente preocupantes de detenções arbitrárias em grande escala de uigures e outras comunidades muçulmanas em campos de reeducação na região de Xinjiang".
Mas tanto os Estados Unidos quanto outros países ocidentais criticam o fato de que ela ainda não tornou público um relatório sobre a região.
"Apesar das frequentes garantias de seu gabinete de que o relatório seria publicado em breve, ele não está disponível para nós e pedimos à Alta Comissária que publique o relatório sem demora e não espere a visita", afirmou Price.
Uma porta-voz de Bachelet explicou recentemente que o documento não será publicado antes de sua viagem, pois conterá elementos de sua visita.
- Campos de doutrinação -Pelo menos um milhão de uigures e membros de outras minorias turcas, principalmente muçulmanas, estão confinados em campos de doutrinação em Xinjiang, sob estreita vigilância das autoridades, segundo testemunhas e organizações de defesa dos Direitos Humanos.
Estes centros têm como objetivo destruir a cultura islâmica dos uigures e integrá-los à força à maioria predominante na China. Os Estados Unidos acusam Pequim de levar a cabo um "genocídio" contra essa população.
Pequim afirma que se tratam de centros de formação profissional destinados a afastá-los do "terrorismo" e separatismo após vários atentados mortais atribuídos a islamitas e separatistas uigures.
Até agora, Pequim havia rejeitado as investigações da ONU e dizia que qualquer visita à região deveria ser "amistosa". Após vários anos de negociações, as duas partes chegaram a um acordo, sem revelar detalhes.
Alguns países, incluindo os Estados Unidos, expressaram preocupação pela falta de transparência que pode dar margem de manobra para as autoridades chinesas.
"Não esperamos que a República Popular Chinesa outorgue o acesso necessário para realizar uma avaliação completa e sem manipulação do entorno dos direitos humanos em Xinjiang", disse Price.
- "Contínuo silêncio" -A visita não isenta de riscos Bachelet, cujo mandato está prestes a acabar e ainda não se sabe se ela se candidatará à outro.
ONGs e membros da comunidade internacional esperam que a comissária denuncie abertamente os atentados contra os direitos humanos no país, acusações negadas por Pequim.
Price também condenou seu "contínuo silêncio diante da indiscutível evidência das atrocidades em Xinjiang e outras violações e abusos dos direitos humanos em toda a República Popular da China".
"É profundamente preocupante", ressaltou, alegando que Bachelet deveria ser uma "voz líder em direitos humanos".
Durante sua visita, ela "se reunirá com altas autoridades federais e locais", assim como organizações da sociedade civil, empresários, acadêmicos e universitários, segundo seus assessores.
Bachelet, que foi dispensada de realizar quarentena, visitará Guangzhou e, em Xinjiang, Kashgar e Urumqi, a capital regional, acrescenta a nota.
Ao final de sua jornada, em 28 de maio, a chilena publicará um comunicado e falará sobre sua viagem em uma coletiva de imprensa.
Como todos os relatórios do Alto Comissariado, o texto será submetido à apreciação do país interessado, neste caso à China, para que Pequim possa expressar sua opinião.
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