Irã retira duas câmeras da AIEA que monitoravam suas instalações nucleares
Teerã, 8 Jun 2022 (AFP) - O Irã anunciou, nesta quarta-feira (8), que retirou duas câmeras de vigilância instaladas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para supervisionar suas atividades nucleares, em meio ao seu confronto com os países ocidentais e os Estados Unidos.
As duas câmaras "foram além dos compromissos do Irã sob o acordo com a AIEA", disse a Organização de Energia Atômica do Irã (AIEA) em comunicado, sem especificar onde estavam localizadas.
As câmeras foram um "gesto de boa vontade" que não foi "apreciado" pela AIEA, mas considerado uma "obrigação", acrescentou a organização.
Segundo a nota, "mais de 80% das câmeras instaladas pelo organismo estão operando de acordo com o acordo de garantias e continuarão funcionando".
O anúncio ocorre depois que os Estados Unidos e os três países europeus que fazem parte do acordo nuclear com o Irã (Reino Unido, França e Alemanha) apresentaram uma resolução à AIEA na qual repreendem Teerã por sua falta de cooperação.
A resolução será analisada na reunião do Conselho de Governadores do órgão da ONU, que começou na segunda-feira e termina nesta sexta em Viena.
A resolução insta o Irã a "cooperar" com a AIEA e se concentra na questão dos restos de urânio enriquecido encontrados em três locais não declarados do país, segundo um relatório publicado em maio pelo órgão.
- "Não há atividades ocultas" - "O Irã não tem atividades nucleares ocultas nem locais não declarados. Trata-se [por parte do Ocidente] de manter a pressão máxima" sobre o país, disse nesta quarta-feira Mohammad Eslami, chefe da AIEA, citado pela agência oficial Irna.
"Estes documentos falsos tentam manter a máxima pressão" sobre o Irã, afirmou, em referência às sanções econômicas que Washington voltou a impor quando o então presidente Donald Trump abandonou em 2018 o acordo nuclear entre Irã e as grandes potências.
"Esta recente decisão de três países europeus e dos Estados Unidos ao apresentar um projeto de resolução contra o Irã é político", afirmou Eslami, e acrescentou que o "Irã tem cooperado amplamente com a AIEA."
O gatilho para a nova condenação ocidental foi um relatório emitido pela AIEA no final do mês passado, no qual afirma que não havia certeza sobre vestígios de urânio enriquecido encontrados em três locais, que o Irã não havia declarado como local de atividades nucleares.
O órgão de vigilância disse que essas questões "não foram esclarecidas" em suas reuniões com as autoridades iranianas.
Espera-se que o Conselho de Governadores da AIEA vote uma moção na quarta ou quinta-feira, de acordo com os diplomatas.
As negociações para reativar o acordo nuclear de 2015 entre Teerã e as potências mundiais foram suspensas em março, quando pareciam estar prestes a alcançar um acordo.
Este pacto concederia um alívio das sanções ao Irã em troca de restrições ao seu programa nuclear para garantir que não possa desenvolver uma arma nuclear, intenção que Teerã sempre negou.
pdm/pc/mar/aa/jc
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