Afeganistão perdeu 60% de seus jornalistas após talibãs assumirem o poder
O Afeganistão perdeu cerca de 60% de seus jornalistas, especialmente mulheres, desde que os talibãs tomaram o poder há um ano, apontou uma pesquisa publicada pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) nesta sexta-feira (12).
"Dos 11.857 jornalistas registrados antes da chegada dos talibãs ao poder, restam apenas 4.759", indica o comunicado da organização com sede na França.
Do total de 547 meios de comunicação ativos no país há um ano, 219 deixaram de funcionar, segundo a ONG.
As jornalistas foram as mais afetadas: 76% delas perderam seu trabalho. Apenas 656 mulheres continuam trabalhando no jornalismo, a vasta maioria delas em Cabul.
Apesar do boicote da comunidade internacional, os talibãs mantêm um forte controle sobre a sociedade.
"O jornalismo foi dizimado durante o último ano no Afeganistão", explicou o secretário da RF, Christophe Deloire.
"As autoridades devem se comprometer a acabar com a violência e o assédio aos trabalhadores da mídia e devem permitir que eles realizem seu trabalho sem impedimentos", acrescentou.
Como justificativa para forçá-las a deixar seus empregos, os fundamentalistas afegãos as acusam de imoralidade.
"As condições de vida e de trabalho das mulheres jornalistas no Afeganistão sempre foram difíceis, mas agora estamos vivendo uma situação sem precedentes", disse a jornalista Meena Habib à RSF.
"Trabalham em condições que são física e mentalmente violentas e exaustivas, sem nenhum tipo de proteção", acrescentou.
Alguns veículos tiveram que parar de transmitir música e outros viram suas fontes de financiamento estrangeiras cortadas.
Um decreto emitido no mês passado pelo líder supremo Haibatulah Akhundzada proíbe "a difamação e a crítica de responsáveis governamentais sem provas".
Pelo menos 80 jornalistas foram detidos no último ano passado, e três deles estão presos atualmente, indicou a RSF.
O Afeganistão ocupa o 156º lugar em termos de liberdade de imprensa, de um total de 179 países.
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