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Greve de trens inicia uma série de ações sindicais no Reino Unido

13/12/2022 07h52

Muitos britânicos tiveram dificuldade para chegar ao trabalho nesta terça-feira (13), o primeiro dia de uma greve ferroviária no Reino Unido que marca o início de várias ações sindicais para protestar contra a inflação.

De acordo com o sindicato RMT, 40 mil de seus membros que trabalham na Rede Ferroviária (Network Rail) e em 14 empresas do setor participam da paralisação, que começou hoje e continuará nesta quarta, na sexta e no sábado, além de quatro dias em janeiro. Espera-se que apenas 20% dos trens funcionem.

Segundo uma pesquisa do Yougov publicada no fim de novembro, 47% dos britânicos se opõem à greve de transportes, enquanto 41% a apoiam. Os passageiros entrevistados nesta terça pela AFP em Londres, na estação de King's Cross, se mostraram bastante compreensivos.

"Entendo eles perfeitamente... é difícil para as pessoas neste momento", disse Allan Smith, um webdesigner de 28 anos que tentava encontrar um plano alternativo para chegar ao aeroporto de Heathrow.

Com uma inflação descontrolada que agrava a crise do custo de vida, os protestos se multiplicam no Reino Unido há meses, e alguns já preveem um inverno caótico devido às paralisações em diversos setores.

Somente em outubro, já foram perdidas 417 mil jornadas de trabalho por conflitos sociais. Trata-se do maior nível desde novembro de 2011, segundo o Escritório Nacional de Estatística (ONS, na sigla em inglês).

Além dos ferroviários, também entrarão em greve nos próximos dias os seguranças dos trens Eurostar com destino ao continente europeu, assim como os policiais de fronteira que controlam os passaportes nos aeroportos. Em função disso, o governo mobilizará pessoal militar para esses controles.

- Governo não cede -

O setor de saúde também será afetado, com o pessoal de enfermagem fazendo uma paralisação inédita nesta quinta-feira (15) e, de novo, em 20 de dezembro. A ela vão se juntar o pessoal que trabalha nas ambulâncias e funcionários administrativos.

O pessoal de enfermagem reivindica um aumento salarial de mais de 17% para compensar anos de carências, uma demanda que o governo considera que é "impossível de custear".

No transporte ferroviário, o sindicato RMT rejeitou uma proposta de aumento de 8% em dois anos, por considerá-la insuficiente diante do aumento dos preços.

Segundo o ONS, apesar dos aumentos em alguns setores, os salários caíram 2,7% entre agosto e outubro devido à inflação.

Diante das reivindicações dos sindicatos, o governo conservador adotou um tom muito firme, justificando sua negativa pela delicada situação das finanças públicas britânicas e pelo risco de os aumentos salariais alimentarem a inflação.

"Acredito que temos um planejamento justo e razoável", declarou à emissora BBC o primeiro-ministro, Rishi Sunak.

"Gostaria de pedir aos dirigentes sindicais [...] que ponham fim às perturbações, sobretudo no Natal. Isso terá um impacto negativo na vida das pessoas", afirmou o premiê.

Por sua vez, o ministro dos Transportes, Mark Harper, assinalou à rádio Times nesta terça-feira que "a prioridade econômica número um do governo é controlar a inflação, [...] para que as pessoas possam enfrentar o custo de vida".

Na entrevista, ele lembrou que o governo forneceu "ajuda considerável" às famílias para compensar o aumento dos preços da energia.

spe-mhc/pc/zm/tt/rpr/am

© Agence France-Presse