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Congresso do México aprova polêmica reforma eleitoral de López Obrador

15/12/2022 14h06

O Congresso do México aprovou na quinta-feira (15) uma polêmica reforma que reduz o orçamento e a estrutura do órgão eleitoral, o que, segundo seus opositores, ameaça a independência dessa instituição.

O presidente Andrés Manuel López Obrador alega que o órgão é oneroso. 

A proposta foi aprovada no Senado por 68 votos a favor e 50 contra, após uma sessão maratônica iniciada na quarta-feira (14).

Posteriormente, o texto retornou à Câmara dos Deputados, onde foi ratificado, mas com algumas alterações, por 262 votos a favor, 217 contrários e nenhuma abstenção.

Agora retornará ao Senado para a revisão final e depois será encaminhada ao Poder Executivo para a promulgação.

Criticada pela oposição, por autoridades eleitorais e especialistas, a reforma reduz a estrutura e o orçamento do Instituto Nacional Eleitoral (INE), órgão autônomo encarregado de organizar as eleições no México. López Obrador acusa a instituição de ser onerosa e de ter tolerado fraudes no passado. 

Na quarta-feira, membros do INE advertiram que as mudanças em discussão no Legislativo têm "deficiências que colocam em risco a operação dos processos eleitorais".

"O INE nunca foi consultado sobre os conteúdos da referida reforma. Não foram solicitadas ao Instituto informações, diagnósticos, nem parecer técnico sobre as alterações propostas", acrescentou. 

Os funcionários disseram, ainda, que vão recorrer a todas as instâncias legais para "continuar garantindo eleições livres e autênticas", o que implica que tanto o INE quanto a oposição devem recorrer à Suprema Corte de Justiça para impugnar a reforma.

Entre as mudanças aprovadas está a norma que regulamenta a propaganda governamental e que, segundo a oposição, permitirá que funcionários de todos os níveis façam proselitismo durante as campanhas eleitorais com recursos públicos. 

A discussão do chamado "plano B" da reforma eleitoral acontece após a rejeição de uma proposta do presidente que modificava a Constituição para promover profundas alterações no INE e reduzir o número de assentos no Congresso bicameral. 

Nessa proposta, os conselheiros e ministros eleitorais seriam eleitos por voto direto e não pelo Legislativo. Além disso, o número de deputados passaria de 500 para 300, e o de senadores, de 128 para 96. 

O presidente López Obrador aplaudiu, nesta quinta, a aprovação da reforma, embora tenha lamentado que não seja de natureza constitucional.

"O sistema eleitoral vai ser melhorado, não como teríamos desejado, porque o bloco conservador se opôs a uma reforma constitucional", disse ele, em entrevista coletiva diária.

"Como não se pode reformar a Constituição, é uma reforma limitada", frisou.

No marco da discussão da reforma eleitoral, realizou-se, em 13 de novembro, uma marcha multitudinária contra a proposta do presidente. Há duas semanas, López Obrador liderou outra manifestação, com as ruas tomadas por seus partidários.

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© Agence France-Presse