Irã fecha instituto francês em protesto por publicação de charges de Khamenei
O Irã anunciou, nesta quinta-feira (5) o fechamento de um instituto de pesquisa francês em Teerã depois que a revista satírica francesa Charlie Hebdo publicou caricaturas consideradas "insultuosas" ao guia supremo Ali Khamenei.
"O ministério põe fim às atividades do Instituto Francês de Pesquisa no Irã (IFRI) como uma primeira etapa" da resposta às caricaturas, anunciou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
De acordo com seu site, o IFRI é afiliado ao Ministério das Relações Exteriores da França. Nasceu em 1983 da fusão da Delegação Arqueológica Francesa no Irã, criada em 1897, e do Instituto Francês de Iranologia de Teerã, fundado em 1947.
O Irã havia alertado na quarta-feira que responderia à publicação de caricaturas do aiatolá Ali Khamenei na revista satírica Charlie Hebdo.
Em seu comunicado, o Ministério iraniano acusa as autoridades francesas de "inação contínua diante de expressões anti-islâmicas e da propagação de ódio racista em publicações francesas".
Pede ao governo francês que responsabilize os "autores (da propagação) de tal ódio", enfatizando que o "povo iraniano" estará atento à resposta que a França fornecerá. O Ministério também solicita a Paris que realize "uma luta séria contra a islamofobia".
Antes do anúncio do fechamento do IFRI, a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, indicou que "existe liberdade de imprensa (na França), ao contrário do que acontece no Irã", lembrando que o crime de blasfêmia não existe na lei francesa.
"A má política é aquela seguida pelo Irã, que pratica a violência contra sua própria população", acrescentou nesta quinta-feira, quando questionada pelo canal de televisão francês LCI.
Procurada pela AFP, a embaixada francesa em Teerã informou que não faria comentários. No mesmo dia, seu embaixador, Nicolas Roche, foi convocado a comparecer ao Ministério das Relações Exteriores em Teerã.
As charges publicadas no semanário satírico surgiram de um concurso lançado em dezembro, por ocasião das manifestações no Irã para protestar contra a morte de Mahsa Amini, uma curdo-iraniana de 22 anos que faleceu, sob custódia policial, depois de ser detida por não usar o véu corretamente.
As autoridades iranianas, que descrevem essas manifestações como "distúrbios", dizem que centenas de pessoas morreram durante os protestos, incluindo membros das forças de segurança. Milhares foram presas.
Em dezembro, Charlie Hebdo comentou que este "concurso internacional" era para apoiar "os iranianos que lutam por sua liberdade".
A edição contém várias caricaturas com temas sexuais apresentando o aiatolá Khamenei e outros clérigos iranianos, bem como charges denunciando o uso da pena de morte por parte do Irã para intimidar os manifestantes.
ap/sk/vl/dbh/es/zm/mab/zm/mr/tt
© Agence France-Presse
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